“Quando Jacó acordou do sono, disse: Realmente o Senhor está neste lugar, e eu não sabia. E, cheio de temor, disse: Como este lugar é terrível! Este lugar não é outro senão a casa de Deus, a porta do céu.” (Gênesis 28.16,17).
Jacó estava a caminho de Harã, a terra de seu avô materno. A desculpa era que precisava casar-se com uma de suas primas, mas na verdade estava era fugindo de seu irmão Esaú, que, por ter sido vítima de suas trapaças, queria matá-lo. Jacó estava dominado pelo medo, pela culpa e pela incerteza; e também estava cansado da caminhada. Portanto, estava sob forte estresse físico e emocional. Tendo anoitecido, resolveu parar para dormir. Mas o lugar era deserto, não tinha nenhum conforto, seu travesseiro foi uma das pedras do local.
O sono foi agitado e ele teve um sonho estranho, em que uma escada muito alta chegava ao céu, e anjos desciam e subiam por ela. Acima da escada estava o Senhor, que confirmou a ele as mesmas promessas que já tinha feito a Abraão, seu avô, e a Isaque, seu pai. Naquela época cria-se que os deuses eram territoriais, isto é, só tinham domínio sobre determinado território. Jacó certamente tinha aprendido com seu avô e seu pai a buscar o Deus deles, mas naquele momento estava muito longe da sua terra, fora do seu território, por isso surpreendeu-se com tal manifestação do Senhor, tão clara e tão indubitável. Ele não imaginava que Deus estaria ali.
Em dois famosos sermões de Atos dos Apóstolos somos ensinados que “Deus não habita em templos feitos por mãos humanas (Atos 7.48 e 17.24), querendo, em duas situações diferentes, significar que nenhum de nós, seja judeu, cristão ou pagão, pode encerrar Deus num prédio qualquer, seja uma capela ou uma catedral. Mas continuamos a construir templos, a chamá-los de casa de Deus, e a achar que são eles o lugar do encontro com Deus. Jacó chamou de “Betel” (Casa de Deus) o lugar deserto onde Deus falou com ele, porque descobriu que Deus também podia estar ali.
Ai daquele que precisa ir a um templo para encontrar-se com Deus. Ai daquele que, depois de ter estado num templo, deixa Deus ali e vai embora sozinho. Ai daquele que nem em um templo encontra Deus.
Pr. Sylvio Macri