FOI UMA VERDADEIRA CHACINA (Sylvio Macri)

“Três dias depois, quando os homens ainda sentiam dores, dois filhos de Jacó, Simeão e Levi, irmãos de Diná, tomaram cada um a sua espada, entraram na cidade, que se sentia segura, e mataram todos os homens.” (Gênesis 34.25).
 
Ao voltar da terra de seus parentes, onde se casara e estivera por vinte anos, Jacó foi estabelecer-se com seus filhos em Canaã, nas terras de um régulo chamado Hamor, de quem comprou a área que ocupou com sua família e seu gado. Hamor tinha um filho chamado Siquém e Jacó, uma filha chamada Diná. Siquém apaixonou-se por Diná, mas em vez de fazer a coisa certa “tomou-a, deitou-se com ela e a violentou” (Gn.34.1).  Estupro nunca foi certo, em tempo algum, mas Jacó manteve a calma; talvez isso pudesse ser consertado. E foi o que Hamor propôs-lhe: realizar o casamento dos dois. Em vez de vingança, haveria uma aliança entre eles. 
 
Mas no coração dos irmãos de Diná havia ódio e furor. Então, prepararam uma armadilha para o estuprador e seu povo. Alegando haver diferença entre as famílias, disseram que não poderia haver casamento, a menos que Hamor, seu filho e os demais homens da cidade se circundassem, para se tornarem iguais aos homens da casa de Jacó. Hamor e seu povo aceitaram isso de boa fé, mas os filhos de Jacó agiram de má fé. Assim, quando os homens da cidade de Siquém estavam enfraquecidos por causa das feridas provocadas pela circuncisão, mataram todos, saquearam a cidade e escravizaram mulheres e crianças. Foi uma verdadeira chacina, em que pessoas inocentes pagaram pelo não fizeram.
 
Nestes tempos em que ocorrem crimes hediondos e atos terroristas, surgem sempre pronunciamentos raivosos, veredictos terríveis, que clamam por justiça sumária. Ao ler e ouvir o que se diz nessas ocasiões, ficamos com a impressão que as pessoas que condenam os criminosos são piores do que eles, tal o grau de virulência das suas palavras e a violência das punições propostas. A justiça pelas próprias mãos é um atentado ao estado de direito democrático. Além disso a Palavra de Deus, sempre muito sábia, ensina que “a ira do homem não produz a justiça de Deus” (Tg.1.20).
 
“A misericórdia triunfa sobre o juízo.” (Tg.2.13b).
 
Pr. Sylvio Macri