“E, pondo as mãos sobre a cabeça do bode, confessará sobre ele todas as culpas, transgressões e pecados dos israelitas. Ele os porá sobre a cabeça do bode e o enviará ao deserto, pela mão de um homem designado para isso. Assim, o bode levará sobre si todos os pecados deles para uma região solitária; e esse homem soltará o bode no deserto.” (Levítico 16.21,22).
Bode expiatório é uma expressão usada para se referir à pessoa sobre a qual recai a culpa por faltas alheias. Também designa aquele que não consegue provar sua inocência, mesmo não sendo culpado. Ou ainda, quando alguém leva sozinho a culpa que não é só dele. A expressão veio da Bíblia, do ritual estabelecido em Levítico para a cerimônia anual de expiação dos pecados do povo israelita, no Dia da Expiação, a qual só poderia ser ministrada pelo sumo sacerdote, que somente esta vez no ano entrava no Santo dos Santos, compartimento do tabernáculo onde ficava a arca da aliança e, sobre ela, o propiciatório.
Após oferecer sacrifício por si mesmo, para se purificar, o sumo sacerdote tomava dois bodes e, na entrada da tenda da revelação, sorteava um para ser sacrificado e outro para ser enviado ao deserto. Este também é chamado de bode emissário. Algumas traduções dizem que um bode “era para o Senhor e outro era para Azazel” (Lv.18.8). A tradução de Azazel é justamente “bode emissário”. Esses dois bodes eram necessários para simbolizar o perdão completo: um era morto e seu sangue aspergido no propiciatório, significando a expiação dos pecados; o outro, levado ao deserto, após o sumo sacerdote impor-lhe as mãos e confessar todas as culpas, transgressões e pecados do povo, significando a completa remoção da culpa e dos pecados dos lugares sagrados.
O verdadeiro e definitivo “bode expiatório” é Jesus Cristo. O profeta do Messias diz: “O castigo que nos traz a paz estava sobre ele” e, “O Senhor fez cair a maldade de todos nós sobre ele” (Isaías 53.5,6). A Carta aos Hebreus diz que a lei mosaica “jamais pode aperfeiçoar os que vêm apresentar suas ofertas por meio dos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem de ano em ano.” (Hb.10.1), porque, por meio deles é que, infelizmente, “se faz recordação dos pecados a cada ano” (Hb.10.3). Mas agora, “pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita de uma vez por todas” (Hb.10.10), nossos pecados foram expiados e removidos para sempre. O Senhor garante: “Não me lembrarei mais de seus pecados e de suas maldades.” (Hb.10.17).
Pr. Sylvio Macri