“E o Senhor disse mais a Moisés: Eu mesmo escolhi os levitas do meio dos israelitas, em lugar de todo primogênito, daquele que é o primeiro a nascer entre os israelitas; e os levitas serão meus, pois todos os primogênitos são meus.” (Levítico 3.11-13a).
O fato de Deus ter escolhido os levitas para o serviço da tenda da revelação não os tornou melhores que os demais israelitas. Toda vez que o Senhor chama alguém para o seu serviço, com certeza é uma escolha especial, mas é um ato soberano e unilateral de sua vontade, que não gera nenhum privilégio ou qualidade diferenciada para aquele que é chamado.
No contexto da passagem acima fica claro que os levitas eram substitutos dos primogênitos de todas as famílias israelitas, que passaram a ser dedicados especialmente ao Senhor a partir da libertação do povo de Israel do Egito (Lv.3.1-51). O fato de serem representantes de todas as demais tribos, significa, portanto, que não eram melhores que nenhuma delas. Assim como os escolheu, o Senhor poderia ter escolhido qualquer uma das outras tribos.
Entre os evangélicos brasileiros circula um jargão que diz “não se pode tocar no ungido do Senhor”, jargão que é fruto de uma interpretação errônea de umas poucas passagens da Bíblia, todas elas referentes a Saul e Davi. São relatos históricos e não ensino doutrinário. Aliás, é comum ouvirmos interpretações do mesmo tipo, sendo algumas verdadeiras aberrações.
Não existe nenhum ensino na Bíblia que afirme ser o “ungido” um cristão de classe especial, imune a qualquer crítica ou punição. Ao contrário, Paulo recomenda a Timóteo admitir acusação contra um presbítero, desde que haja um número mínimo de testemunhas. E mais, os que forem apanhados em erro devem ser repreendidos publicamente, para exemplo aos demais.
A chamada é especial, a obra é especial, mas o chamado não.
Pr. Sylvio Macri