A VERDADEIRA RESTITUIÇÃO (Sylvio Macri)

“Diz aos israelitas: Quando um homem ou mulher pecar contra seu próximo, transgredindo os mandamentos do Senhor, tornando-se assim culpado, confessará o pecado que houver cometido e fará plena restituição pela sua culpa; e ainda acrescentará um quinto a essa restituição e a dará àquele contra quem houver pecado.” (Levítico 5.6,7).
 
Restituição é uma palavra que se tornou simbólica para uma parte dos evangélicos. Em torno dela se desenvolveu um dos ensinamentos da assim chamada Teologia da Prosperidade. Diz-se que o Diabo roubou-nos o que nos pertencia por direito, geralmente bens materiais, os quais Deus nos restituirá à medida que tenhamos uma fé afirmativa. Parece que os que assim ensinam baseiam-se em Joel 2.25, mas nessa passagem a restituição não se refere a algo que Satanás tirou do povo de Deus, mas a algo que Deus mesmo tirou do povo por meio de uma praga de gafanhotos, por causa do seu pecado. E essa restauração que o Senhor promete é um dom da sua graça, e nunca um direito do povo. Portanto, não é propriamente uma restituição como a que é ensinada pela Teologia da Prosperidade.
 
A única verdadeira restituição, isto é a restituição do que é de direito, de algo que é devido, que a Bíblia menciona, é essa do versículo acima: a restituição pela culpa. E quem a deve fazer é, naturalmente, o pecador. Ela se refere àquilo que o Direito moderno chama de danos materiais e de crimes contra a propriedade. Por exemplo o furto, a extorsão, a malversação de bens alheios, a apropriação indébita (Veja Levítico 6.1-7). Em todos esses casos a restituição teria que ser em valor equivalente ao do bem objeto do dano, acrescido de um quinto desse valor.
 
Mas, para além do valor efêmero dos bens materiais, temos nesse mandamento três princípios importantíssimos, que duram até hoje: 1. Qualquer pecado que cometemos contra o nosso próximo é, antes de mais nada, contra Deus; qualquer ato que cause dano, ofensa ou sofrimento ao nosso próximo é uma transgressão dos seus mandamentos; 2. Para que se faça justiça é preciso que o culpado confesse a sua culpa. Ainda que aos olhos humanos se consiga ocultar um crime, Deus não terá por inocente o culpado (Naum 1.3); 3. Para que haja reparação, é preciso devolver à pessoa prejudicada o que foi roubado, extorquido, fraudado, desfalcado, avariado, apropriado indevidamente, etc., acrescido de juros. A reparação, se não levar à reconciliação entre as partes envolvidas, no mínimo aliviará a consciência do pecador.
 
Deus espera que confessemos nossos pecados e os reparemos.
 
Pr. Sylvio Macri