Segunda, 23/02/15 — A PAZ ARMADA

Números 31.3
 
Para entendermos a vingança dos israelitas contra os midianitas, precisamos ler Números 25, em que há um episódio duplo.
O povo de Israel começou a adorar a Baal, em Peor, nas campinas de Moabe. Vários povos da região adoravam a Baal, em cujo culto havia a prostituição cultual, que continuava sendo prostituição, só que feita como se fosse adoração.
Um israelita, quando os líderes do povo lidavam com o problema, desafiadoramente introduziu uma mulher midianita (filha da elite de Midiã) em sua tenda, prostituindo-se com ela (Números 25).
Diante da possibilidade a prática (que incluía idolatria e prostituição) se disseminar, o que resultaria na autodestruição de Israel, Deus ordenou a Moisés que os midianitas fossem castigados, para que não servissem de instrumento de sedução.
O tempo desse castigo chegou.  
Como os midianitas formavam uma outra nação, foi necessário se fazer guerra contra eles, nos termos da época. Todas as guerras são cruéis.
Os líderes (reis) de todas as tribos de Midiã foram mortos nesta guerra. 
Não havia acordo de paz possível. Ou era Midiã ou era Israel.
Se lermos esta história (e todas em que o povo de Israel vai à guerra contra vizinhos) com os olhos de hoje, teremos dificuldade, porque todos — cristãos e não cristãos — sabemos que a não-violência é o ideal de Deus para nós, revelado em Jesus Cristo. Antes de Jesus, o que imperava era a lei do talião ou da retaliação, dente por dente, olho por olho. Nenhuma pessoa pode usar estas histórias para justificar hoje um ato de violência, mesmo que o entenda como justo ou necessário. Os povos ainda continuam fazendo a guerra, justificando-a como necessária para a paz, mas o resultado é sempre mais guerra.
Há exceções, que exigem muito cuidado: é quando as vidas de famílias ou grupos étnicos ou mesmo países estão realmente sendo ameaçadas. Nesse caso, é possível que, esgotados todos os esforços, um ato de violência seja necessário para conter a violência maior. Este é o caso, por exemplo, do terrorismo que mata crianças, estupra mulheres, destrói escolas. Seus agentes precisam ser contidos, em alguns casos com uso de força, depois de vencidas todas as etapas da negociação.
O ideal de Deus continua sendo a paz, como estratégia de ação e como alvo para a vida.
 
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