PARA O QUE DEVEM SERVIR OS DÍZIMOS? (Sylvio Macri)

“Certamente darás os dízimos de todo o produto da tua semente que se recolher no campo a cada ano.” (Deuteronômio 14.22).
 
A prática do dízimo era uma tradição antiga na cultura dos israelitas, e, ao que parece, na cultura semítica em geral. Em Gênesis 14.20 lemos que Abraão, encontrando-se com Melquisedeque, sacerdote do Altíssimo, “deu-lhe o dízimo de tudo.” Em Gênesis 28.22, é o seu neto Jacó que faz o seguinte voto a Deus: “Certamente te darei o dízimo de tudo quanto me deres.” Moisés já havia anteriormente dado instruções sobre os dízimos (Lv.27.30-33 e Nm.18.21-32), mas repete agora o mandamento, expressando-o de outra maneira.
 
Como se sabe, o livro de Deuteronômio é uma repetição de toda a lei promulgada anteriormente por Moisés, com a vantagem de poder ser devidamente esclarecida quando houvesse dúvidas. Assim na passagem onde se encontra o versículo acima, o grande líder estabelece os princípios que norteavam a prática dos dízimos, mais do que propriamente as regras que regiam essa prática. Portanto, tal ensino ainda é importantíssimo em nossa época, quando não poucos questionam a necessidade dos dízimos, pois tais princípios são imutáveis.
 
Em primeiro lugar, a entrega dos dízimos era um ato de adoração. No v. 23 lemos: “E comerás diante do Senhor teu Deus os dízimos do teu trigo, do teu vinho novo e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas, no lugar que ele escolher para ali fazer habitar o seu nome. Assim aprenderás a temer o Senhor teu Deus todos os dias.” Em outras partes da lei mosaica aprendemos que nenhum ato de culto era realizado sem a participação de um sacerdote, o qual tinha o direito de ficar com uma boa porção do que era oferecido. Portanto, os dízimos seriam para o sustento do culto no tabernáculo e dos seus ministrantes.
 
Em segundo lugar, os dízimos deveriam ser usados para o sustento dos levitas, os quais tinham sido escolhidos por Deus para dedicação exclusiva ao serviço do tabernáculo, como sacerdotes ou como auxiliares diversos, bem como para o sustento dos necessitados. Lemos nos vs. 28 e 29: “Ao fim de cada terceiro ano, levarás todos os dízimos da tua colheita do ano e os depositarás dentro da tua cidade. Então o levita (pois não tem parte nem herança contigo), o peregrino, o órfão e a viúva, que vivem na tua cidade, virão e comerão até se fartarem, para que o Senhor teu Deus te abençoe em tudo o que as tuas mãos fizerem.” 
 
Portanto, o ensino bíblico é que os dízimos são para a adoração e para o serviço ao próximo.
 
Falando novamente sobre o assunto, Moisés diz: “Hoje o Senhor teu Deus te manda observar estes estatutos e preceitos. Portanto, tu os guardarás e a eles obedecerás de todo o coração e de toda a alma.” (Dt.26.16). Exatamente como Paulo, escrevendo aos coríntios: “Cada um contribua de acordo com o que decidiu no coração; não com tristeza nem por constrangimento, pois Deus ama a quem dá com alegria.” (2Co.9.7).
 
Pr. Sylvio Macri