O que uma igreja pode fazer com o seu passado?
Ela pode pintá-lo com cores alegres e fazer um quadro. Pode até colocá-lo num altar (qual um bezerro de ouro).
Ela pode escondê-lo, como se não tivesse existido, talvez dele envergonhado.
O que uma igreja, diante do seu passado, deve fazer é agradecer a Deus pelas pessoas que vieram antes e legaram as suas heranças, como o presente de hoje.
Este agradecimento implica em conhecimento e reconhecimento. Quem foram essas pessoas, tanto as mais lembradas quanto as mais esquecidas, tanto as que brilharam quanto as que atuaram nos bastidores, tanto as que estavam na plataforma quanto as que estavam no banco, muitas ajoelhadas? À lembrança deve se seguir o reconhecimento como uma forma efetiva de gratidão. É sábio agradecer. Quando agradecemos, nós nos lembramos que, antes de nós, alguns fizeram até melhor do que nós. (E isto nos convida à humildade, que nos tira a presunção de inventores da roda….) É santo agradecer. Quando agradecemos, nós descentralizamos por um tempo o egoísmo como o senhor dos nossos corações.
Além de agradecer, devemos nos inspirar nos exemplos do passado. Pessoas imperfeitas como nós espalharam o Evangelho. Pessoas ocupadas como nós dedicaram parte do seu tempo aos pobres. Pessoas limitadas financeiramente como nós contribuíram alegremente para os projetos de Deus por meio da igreja. Pessoas ansiosas como nós oraram e cantaram confiantemente em Deus.
Além de agradecer e nos inspirar, devemos olhar para fora da igreja e para dentro dentro e ver quais são hoje os desafios a serem enfrentados agora e nos próximos dias. O passado escolheu os seus desafios e deles ou fugiu ou enfrentou. As pedras clamaram e eles ouviram, obedecendo ou desobedecendo a proposta de Deus. Nosso percurso é o mesmo, porque as pedras continuam a clamar. Para obedecer à voz de Deus, precisamos viver de modo santo (que é, vale recordar, é viver separado para Deus, concentrado em Deus, submisso a Deus). Precisamos de santidade e ousadia. Para fazer o que sempre fizemos, não precisamos de coragem. Para fazer o que devemos fazer, e não sabendo o que iremos enfrentar (como Abraão saindo de Ur ou Arã), precisamos de confiança de que Deus irá adiante de nós, aplainando como João Batista a vereda a ser trilhada.
Contra a Igreja de Jesus Cristo, as portas do inferno não poderão prevalecer (Mateus 16.18). Esta promessa para a Igreja deve ser um convite para a igreja. Cada igreja deve se empenhar para as que as portas do inferno não prevaleçam contra a Igreja.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO