“Para que vossos filhos não digam amanhã a nossos filhos: Não tendes parte no Senhor. Assim dissemos: Quando amanhã disserem isso a nós ou às nossas gerações, então diremos: Vede o modelo do altar do Senhor que os nossos pais fizeram, não para holocausto nem para sacrifício, mas para ser testemunho entre nós e vós.” (Josué 22.27b,28).
No coração do povo de Israel e seus líderes sempre houve uma certa reserva quanto ao fato de as tribos de Rúben, de Gade e a meia tribo de Manassés terem escolhido como sua possessão, territórios a leste do rio Jordão. Para eles Canaã, a terra prometida, era a região que ficava a oeste do rio Jordão. Por isso, a travessia a seco do famoso rio foi um evento decisivo para eles. Além disso, o rio era um fator natural de separação. Por essa razão é que as duas tribos e meia, ao voltarem para as terras que tinham escolhido, após terem participado das grandes batalhas de conquista de Canaã com as demais tribos, resolveram erguer um altar memorial, de grande tamanho, ainda na margem oriental do rio Jordão.
Ao saberem disso, as outras nove e meia tribos julgaram muito mal seus irmãos do lado ocidental, e chegaram a reunir-se para irem à guerra contra eles. Mas tiveram o bom senso de antes enviar-lhes uma comissão composta por Finéias, filho do sumo sacerdote Eleazar, e mais um príncipe de cada tribo do lado oriental. Foi a essa comissão que os rubenitas, gaditas e manassitas ocidentais explicaram que o altar não tinha a intenção de instituir um culto separado, ao contrário, o propósito era lembrar a ambos lados que eram um só povo, com um só Deus e um só local de culto. O altar fora erguido para ser um marco memorial, visando unir as tribos e prevenir discriminações; como disseram, “um testemunho entre nós e vós”. Com essas explicações, as nove e meia tribos se aquietaram e louvaram ao Senhor.
Erguer marcos memoriais é um costume antigo, presente em todas as nações até os dias atuais. Como seres humanos precisamos ser permanentemente lembrados de nossas origens históricas ou dos grandes eventos da nossa história. Esse altar às margens do Jordão certamente foi construído com pedras não lavradas, como era recomendado ao povo pelo próprio Deus. Nós, cristãos, também temos um marco memorial, mas não físico. Trata-se da Rocha dos Séculos, a pedra angular sobre a qual está edificada a igreja: Jesus Cristo. Como diz o apóstolo Pedro, somos geração eleita, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus e o que nos une é Jesus, a pedra viva.
“Chegando-vos a ele, a pedra viva, (….) vós também, como pedras vivas, sois edificados como casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecer sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo. Por isso a Escritura diz: Ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa. Quem nela crer não será desapontado.” (1Pd.2.4-6, citando Is.28.16).
Pr. Sylvio Macri