MENOS DE UM POR CENTO (Sylvio Macri)

“O Senhor disse a Gideão: O povo que está contigo é grande demais para eu entregar os midianitas em suas mãos. Para que Israel não se glorie contra mim, dizendo: Foi minha própria mão que me livrou.” (Juízes 7.2).
 
No capítulo 15 do Evangelho de Lucas, Jesus contou uma história que costumo chamar de “A parábola do um por cento”, a qual fala de um pastor que descobre que uma das suas cem ovelhas não retornou ao aprisco e, deixando as noventa e nove restantes abrigadas e seguras, vai em busca da que se perdeu. Quando volta com ela, comemora com seus vizinhos e amigos, porque a encontrou. A aplicação que Jesus faz é que “no céu haverá mais alegria por um pecador que se arrepende do que por noventa justos que não precisam de arrependimento.” (v.7). No v.1 e 2, Lucas observa que Jesus contou essa parábola como resposta aos escribas e fariseus, que o criticavam por buscar publicanos e pecadores, pessoas condenáveis, em vez de procurar a companhia dos “justos”.
 
No capítulo 7 de Juízes lemos que Gideão, nomeado por Deus para liderar os israelitas na guerra contra os midianitas, conseguiu arregimentar trinta e dois mil guerreiros, mas, como diz o versículo acima, o Senhor que não queria usar todos eles, por isso disse-lhe que dispensasse os covardes e medrosos, e então o número caiu para dez mil. Mas ainda eram muitos, e Deus instruiu a Gideão que fizesse um teste com eles: levados a um rio para beber água, a grande maioria largou suas armas e se ajoelhou para beber com mais facilidade, porém houve trezentos guerreiros que não largaram suas armas, usando apenas uma das mãos e lambendo a água como se fossem cães. Deus disse a Gideão que dispensasse mais nove mil e setecentos. Portanto, foi com apenas trezentos soldados, menos de um por cento dos convocados iniciais, que Gideão enfrentou os cento e trinta e cinco mil guerreiros midianitas.
 
O importante não é a quantidade de pessoas que Deus usa e que se deixam usar por ele, e sim a maneira como o Senhor as usa e como elas se deixam usar. O poder, a presença e a graça de Deus não se medem pela quantidade de pessoas que se reúnem em seu nome, mas pela disposição de coração e mente daqueles que se reúnem. O capítulo 6 do Evangelho de João começa com uma multidão seguindo a Jesus e termina com doze, sendo que um destes doze era falso seguidor. Após um sermão duro, quase todo mundo tinha ido embora. Para Jesus, sucesso não é reunir multidões, pois ele quer contar somente com os que, para segui-lo, sejam capazes, a cada dia, de negar a si mesmos, tomar a sua cruz e manter-se na trilha sem olhar para trás (Mt.16.24-26; Lc.957-62).
 
“Ele escolheu as coisas insignificantes do mundo, as desprezadas e as que nada são, para reduzir a nada as que são, para que nenhum mortal se glorie na presença de Deus.” (1Co.1.28,29).
 
Pr. Sylvio Macri