“Os homens de Dã disseram: – É melhor você não falar mais nada porque estes homens podem ficar zangados e acabar atacando vocês. Nesse caso você e toda a sua família morreriam. (….) Mica viu que eles eram mais fortes, então voltou para casa.” (Juízes 18.25,26 NTLH).
A lei do mais forte somente vigora quando se ausenta a autoridade que deveria fazer valer a verdadeira lei. O livro de Juízes diz, a respeito de um período da história de Israel: “Naquele tempo não havia rei em Israel, e cada um fazia o que bem queria.” (Jz.17.6 – NTLH). Numa situação dessas prevalecem os que detêm a supremacia numérica ou a supremacia das armas.
Foi isso que vitimou Mica, um personagem não muito íntegro dessa época. Ele tinha roubado um bom dinheiro de sua mãe, mas ao confessar o roubo e devolver o valor, ela resolveu usar uma parte das moedas para fundir duas imagens de ídolos e presenteá-las a Mica. Isso foi um estímulo para Mica mergulhar na idolatria, pois adquiriu outras imagens, fez uma estola sacerdotal, construiu um templo e consagrou um de seus filhos como sacerdote.
Mas então surgiu em sua região um levita de Belém de Judá. e Mica o contratou para ministrar no seu santuário. Alegre, afirmou: “Agora sei que o Senhor me fará bem, pois tenho um levita como sacerdote.” (Jz 17.15). Nesse tempo a tribo de Dã procurava um território para viver, pois não conseguira conquistar o que recebera. Cinco guerreiros danitas que saíram com a missão de avaliar territórios a serem conquistados, chegaram à casa de Mica, conheceram seu santuário e reconheceram o levita, com quem já haviam estado antes.
Aproveitaram para pedir ao levita que consultasse a Deus sobre sua missão. O levita respondeu: “Ide em paz. A vossa viagem é do Senhor.” (Jz.18.6). Retornando à sua tribo deram um relatório favorável e voltaram com mais seiscentos guerreiros, a quem sugeriram que, de passagem pela casa de Mica, tomassem sua estola e suas imagens, e coagissem o levita a ir com eles, passando a ser seu sacerdote. Quando Mica reclamou dessa violência, ouviu a frase acima transcrita e, aconselhado pelo medo, calou-se, porque eles eram mais fortes que ele.
Atualmente, o desrespeito ao império da justiça e à legitimidade dos direitos estabelecidos em lei, tem sido um recurso muito utilizado por certos segmentos da sociedade, que criam movimentos fictícios com o fim prevalecer pela força sobre o resto do povo. Precisamos ter o bom senso de preservar o estado de direito, senão vamos caminhar para a barbárie.
Pr. Sylvio Macri