“Mas Samuel disse: Por acaso o Senhor tem tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua voz? Obedecer é melhor que oferecer sacrifícios, e o atender, melhor que a gordura dos carneiros.” (1Samuel 15.22).
Você pode até estranhar o título acima, mas foi exatamente isto que Samuel disse a Saul, quando o encontrou após a batalha contra os amalequitas. Desde muito antes o Senhor tinha dito a Moisés: “Escreve isto para memorial num livro e confirma a Josué que apagarei totalmente a lembrança de Amaleque de debaixo do céu.” (Ex.17.14). O motivo dIsso é que os amalequitas foram os primeiros inimigos de Israel a atacá-lo, ainda em pleno deserto (1Sm.15.2). Com a ascensão de Saul como rei, Israel tornou-se uma verdadeira nação do ponto de vista político, e consequentemente organizou-se num grande exército. Chegou o tempo de executar a sentença contra os amalequitas. Este povo, juntamente com tudo o que possuía, foi declarado “anátema” pelo Senhor; tudo deveria ser totalmente destruído (1Sm.15.3).
Saul, porém, teve uma “ideia melhor” (se fosse hoje talvez ele dissesse que foi uma “revelação”). A ideia era preservar o melhor do despojo para sacrificá-lo ao Senhor em Gilgal. A Bíblia registra: “Saul capturou vivo Agague, rei dos amalequitas, mas destruiu todo o povo ao fio da espada. Entretanto, Saul e o povo pouparam Agague, como também o melhor das ovelhas, dos bois e dos animais gordos, os cordeiros e tudo o que era bom; eles não o quiseram destruir totalmente, mas destruíram por completo tudo o que era inútil e desprezível.” (1Sm.15.9). Deus disse a Samuel: “Saul não executou as minhas palavras.” (1Sm.15.11), por isso o profeta foi ao seu encontro e recriminou-o, mas ele justificou-se, dizendo que tinha preservado “o melhor do anátema” para oferecê-lo ao Senhor.
Ora, a expressão que Saul usou é uma contradição de termos; não existe “o melhor do anátema”, não há nada de bom naquilo que o próprio Deus amaldiçoou. Saul com certeza não poderia achar que teria algo melhor a fazer com coisas que recebera ordem de destruir. Aliás, esse foi o grande erro dele: não obedecer ao Senhor. Por isso a resposta de Samuel: “Obedecer é melhor do oferecer sacrifícios.” É o mesmo engano de muitos “adoradores” de hoje em dia: julgam ter algo de muito valor para oferecer a Deus, e se orgulham disso, mas não percebem que aquilo que verdadeiramente agrada ao Senhor é a sua obediência. Os autênticos adoradores são os da segunda feira, da terça, da quarta, enfim, de todos os dias. Os verdadeiros adoradores são os templos que andam, que vão à escola, ao trabalho, ao lazer, aqueles corações que louvam, mas também obedecem, que praticam no dia-a-dia aquilo que ouviram, disseram, cantaram e prometeram no domingo.
Na verdade, é impossível adorar de verdade sem obedecer. Como disse Michael J. Smith, adoração é um estilo de vida e não uma reunião aos domingos.
Pr. Sylvio Macri