“Quando Saul viu o acampamento dos filisteus, teve medo e apavorou-se. Saul consultou o Senhor, mas este não lhe respondeu nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas.Então Saul disse aos seus servos: Procurai uma mulher que consulte os mortos, para que eu vá consultá-la.” (1Samuel 28.5,6).
Saul estava apavorado porque Deus não falava mais com ele. Como diz 1Samuel 16.14, o Espírito do Senhor havia se retirado dele, e um espírito mau da parte do senhor o atormentava. Samuel havia morrido e mesmo antes de morrer havia predito a sua desgraça. Agora, os profetas que eram discípulos de Samuel, entre os quais ele havia estado em Ramá (!Sm.19.24), também não tinham uma resposta para ele. Aos sacerdotes ele não podia recorrer, pois, em sua fúria contra Davi, os havia exterminado em Node. O único que ficou vivo, Abiatar, juntou-se a Davi (1Sm.22.6-19).
Os filisteus penetravam cada vez mais o território israelita, chegando até Suném. Por isso, Saul trouxe seu exercito para o monte Gilboa, de onde poderia observar os inimigos. Mas o que ele viu deixou-o com medo, muito medo. A batalha era inevitável, os filisteus tinham um grande exército, Saul precisava desesperadamente de uma garantia da parte de Deus de que venceria os filisteus, mas o Senhor estava mudo. Então Saul pensou que se conseguisse falar com o falecido Samuel, talvez obtivesse uma resposta. Ele havia exterminado todos os necromantes, mas poderia ainda haver alguns. Pediu aos auxiliares que localizasse uma, e eles indicaram a que morava em En-Dor, ali bem perto.
Saul foi, à noite e disfarçado, à casa da necromante e pediu-lhe fizesse Samuel voltar do mundo dos mortos. No seu ritual, a mulher disse que via um espírito que subia do chão, um ancião coberto com uma capa, a quem Samuel, que não havia comido nada o dia inteiro e a noite inteira, “percebeu” como sendo Samuel, o qual repetiu-lhe o que já lhe tinha dito quando vivo: que o fim do seu reino já havia sido decretado pelo Senhor. Por mais que tentem, os falsos profetas, adivinhos, necromantes, médiuns, sacerdotes esotéricos, e outros, não podem mudar a Palavra de Deus. Pelo contrário, acabam por repeti-la e confirmá-la.
Portanto, a consulta à necromante foi inútil. Mais uma vez, Saul não teve a garantia divina que desejava. Seu medo o aconselhara mal. Mas além disso, Saul, que, segundo prática comum entre os soldados, talvez estivesse em jejum para preparar-se espiritualmente para a batalha, acabou comendo alimento impuro. A mulher, percebendo que ele estava, exausto e faminto convenceu-o a comer uma comida preparada por ela, certamente seguindo costumes pagãos.
Isaías 59.1 e 2 diz: “A mão do Senhor não está encolhida para que não possa salvar; nem o seu ouvido está surdo para que não possa ouvir: mas as vossas maldades fazem separação entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouve.” Este foi o erro de Saul: em vez de abandonar o pecado, chafurdou-se cada vez mais em seu lamaçal.
Pr. Sylvio Macri