“Por que desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o mal aos seus olhos? Tu mataste à espada Urias, o heteu, e tomaste para ti a sua mulher; sim, tu o mataste com a espada dos amonitas.” (2Samuel 12.9).
Estas palavras foram ditas por Natã, o profeta, a Davi, o rei de Israel, por ordem do Senhor, após uma serie erros gravíssimos do monarca. De uma vez só ele havia quebrado três dos dez mandamentos: não cobiçarás, não adulterarás e não matarás. A cobiça levou ao adultério e o adultério levou ao homicídio.
Do terraço de seu palácio Davi viu uma bela mulher tomando banho em sua casa, e, mesmo informado de que era casada com um de seus melhores guerreiros, teve relações com ela e engravidou-a. Como seu marido estava na frente de batalha, o rei mandou que ele retornasse a Jerusalém para trazer notícias da guerra. Urias ficou duas noites na cidade, mas como bom soldado não dormiu em casa, apesar das providências que Davi tomou nesse sentido.
Não sendo possível atribuir a gravidez a Urias, Davi mudou de planos. Mandou, pelo próprio Urias, uma carta a Joabe, seu primo e comandante do exército, instruindo-o a colocar Urias na linha de frente e deixá-lo sozinho para que morresse, o que de fato aconteceu. Sem saber, o guerreiro foi portador da própria sentença de morte. Passado o tempo de luto, Davi tomou a viúva Bate-Seba, por sua mulher de fato.
O poder corrompe. Mais do que nunca esta frase tem-se provado verdadeira em nossa sociedade, quando vemos a corrupção e o crime disseminados em todos as escalas de poder, desde o mais humilde funcionário até o ministro de Estado ou o magistrados da mais alta corte. Infelizmente a maioria desses criminosos não é apanhada e punida, mas com Davi não foi assim.
Apesar de seus oficiais terem feito vista grossa aos seus pecados, talvez por achar que ele tinha direitos especiais, Deus levantou um homem corajoso e autorizado, o profeta Natã, para confrontar e condenar o rei. Usando uma parábola apropriada, Natã levou Davi a refletir sobre seus erros, a confessá-los e a buscar o perdão do Senhor. Davi foi perdoado, mas o fruto desse adultério, um menino, morreu.
O poder pode se tornar uma desgraça quando os que detêm se rendem à cobiça ou à soberba.
Pr. Sylvio Macri