UM ANJO ME FALOU (Sylvio Macri)

“Mas o outro lhe respondeu: Eu também sou profeta como tu, e um anjo me falou por ordem do Senhor: Faze-o voltar contigo a tua casa, para que como pão e beba água. Mas o velho profeta estava mentindo.” (1Reis 13.18).

Salomão morreu e foi sucedido por seu filho Roboão, o qual aumentou ainda mais a carga tributária sobre seus súditos. Contra isto se rebelaram quase todas as antigas tribos, permanecendo leal a Roboão apenas a sua própria tribo, Judá. A parte do reino que ficou com Roboão passou a ser identificada como reino de Judá, e o restante, como reino de Israel. Jeroboão, um antigo servidor de Salomão, foi proclamado rei de Israel, e uma de suas primeiras medidas foi construir dois centros de adoração, um em Dã e outro em Betel, para evitar que seus súditos fossem adorar em Jerusalém, capital do reino de Judá.

Mas para tornar a adoração mais “contextualizada”, como se diz hoje, Jeroboão mandou esculpir dois bezerros de ouro, um para Betel e outro em Dã, e disse ao povo: “Ó Israel, já chega de subires a Jerusalém; aqui estão teus deuses que te tiraram da terra do Egito.” (1Rs.12.28), uma flagrante quebra do segundo mandamento. Deus então mandou um profeta de Judá para condenar a idolatria de Jeroboão e dizer-lhe que o altar construído por ele seria destruído por um descendente de Davi – Josias. E como sinal desta profecia, o altar se partiu, derramando-se as cinzas que estavam sobre ele.

Jeoroboão tentou prender o profeta, mas a mão que estendeu contra ele ficou paralizada. Por isso pediu ao profeta que orasse por ele, para que fosse restaurada. O profeta orou, o rei foi curado, e então convidou o profeta a comer com ele e propôs pagamento por seus serviços. O profeta respondeu que ainda que o rei lhe oferecesse metade do reino não aceitaria, pois o Senhor lhe ordenara que nem água bebesse em Betel.

Havia em Betel um velho profeta que, sabendo do ocorrido, correu atrás do profeta de Judá para convidá-lo a ir à casa dele. O profeta de Judá disse-lhe o mesmo que dissera ao rei, mas o velho profeta insistiu, usando a mentira do versículo acima transcrito. Mas quando estavam á mesa em sua casa, por meio dele Deus mandou uma mensagem ao profeta de Judá, advertindo-o que seria punido com a morte por sua desobediência, o que fato ocorreu.

Ultimamente tem acontecido de pessoas reconhecidas no meio cristão dizerem mentiras em nome de Deus e para dar veracidade às suas palavras dizem ter “recebido uma revelação”. Mas, assim como o profeta de Judá, temos um meio de testar tais revelações: se vão contra a Palavra de Deus, certamente não vêm de Deus (E se não vêm dele…); se repetem a Palavra de Deus, são “revelações” daquilo que já foi revelado. Em nenhum dos dois casos são aceitáveis.

Pr. Sylvio Macri