“Por acaso os deuses das nações puderam livrar a sua terra das mãos do rei da Assíria? Onde estão os deuses de Hamate e de Arpade, os deuses de Sefarvaim, de Hena e de Iva? (….) O Senhor livrará Jerusalém da minha mão?” (2Reis 18.33-35).
Os assírios eram os grandes conquistadores da época em que Ezequias era o rei de Judá. Tinham submetido todos os reinos ao sul de seu território, inclusive o reino de Israel, e agora estavam às portas de Jerusalém, depois de terem devastado todas as cidades fortificadas de Judá. Mas a capital de Judá era uma fortaleza quase inexpugnável, por isso adotaram a tática de baixar o moral da população, para que esta se rendesse. Com essa finalidade Senaqueribe, o imperador assírio, enviou a Jerusalém três oficiais, Tartã, Rabsaris e Rabsaqué, sendo este último o porta-voz.
Rabsaqué mandou chamar o rei Ezequias para conversar, mas este enviou seus representantes, Eliaquim, Sebna e Joá. O povo se reuniu sobre o muro que cercava a cidade para ver o que acontecia. Em vez de falar em aramaico, a língua diplomática usual, Rabsaqué falou em hebraico, para que todo o povo pudesse entender. Seu argumento, apesar da arrogância, até que era lógico: se todas aquelas nações não tinham podido resistir aos assírios, Jerusalém poderia resistir? Se os deuses daqueles territórios não os tinham livrado, como poderiam esperar que o Senhor livrasse Jerusalém?
Entretanto, essa comparação era equivocada e provou ser fatal. O Senhor tomou-a como afronta e a ela respondeu duramente, por meio do profeta Isaías: “A virgem, a filha de Sião, te despreza e te escarnece; a filha de Jerusalém meneia a cabeça atrás de ti. A quem afrontaste e blasfemaste? Contra quem levantaste a voz e ergueste os olhos com arrogância? Contra o Santo de Israel!” (2Rs.19.21,22). Numa só noite, o anjo do Senhor exterminou cento e oitenta e cinco mil guerreiros assírios. Humilhado, Senaqueribe voltou para Nínive, sua capital, onde dois de seus filhos o mataram.
Atualmente, ouvimos aqui e ali um discurso parecido, principalmente na boca daqueles que defendem que não se deve pregar o evangelho aos índios, tentando impor-lhes outro deus, e na boca daqueles que condenam o proselitismo religioso, dizendo que todas as religiões são iguais. Isto é, são muitos os deuses, e todos são iguais.
Nós, porém, cremos “que não há salvação em nenhum outro, pois debaixo do céu não há outro nome entre os homens pelo qual devamos ser salvos.” (Atos 4.12). Por isso , buscamos cumprir sua ordem de “ir e fazer discípulos de todas as nações” (Mt.28.19).
Pr. Sylvio Macri