Podemos idolatrar pessoas comuns. Pais podem idolatrar seus filhos. Esposas podem idolatrar seus maridos. Alunos podem idolatrar seus professores. Fiéis podem idolatrar seus pastores. Nossos sentimentos, inicialmente lindos, acabam se tornando em fantasia. Pomos essas pessoas como a razão de ser de nossas vidas. Imaginamos que elas são o que não são e nem podem ser. E quando nos relacionamos com as imagens que fazemos das pessoas, nós não nos relacionamos verdadeiramente com as pessoas, mas com os ídolos que fazemos delas.
Podemos nos relacionar com as pessoas por aquilo que podem nos dar. Neste caso, nós as mercantilizamos. As pessoas são vistas pelo que podem nos oferecer. Quando alguém faz aniversário, podemos, por exemplo, cumprimentá-lo nos seguintes termos:
— Parabéns! Que Deus lhe dê muitos anos de vida para que você continue nos inspirando.
Nossas palavras dizem que não amamos o aniversariante pelo que ele é, mas pelo benefício que, eventualmente, pode nos gerar.
É tudo muito sutil, sutil e dramático.
Podemos nos idolatrar a nós mesmos, curvando-nos diante da trindade absoluta do eu, eu e eu. Para os escravos desta idolatria, o que importa é o que sentem e como se sentem. O que importa é que a sua autoestima esteja alta. Quando nos submetemos a estes ídolos, exigimos que as pessoas nos aceitem como nós somos, mesmo em nossos defeitos de caráter que não admitimos e não queremos mudar. Boas são as coisas que nos dão prazer, mesmo que nos furtem a consciência.
Para não mercantilizarmos nossos relacionamentos, precisamos ouvir os Dez Mandamentos. Ouvindo-os, seremos candidatos a nos relacionarmos de modo sincero com Deus. Quando nos relacionamos de modo sincero com Deus, pelo prazer de estar com ele e não pelo que oferece, estamos prontos a jogar fora as nossas máscaras.
É sem máscaras que a vida vale a pena.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO