BOM DIA: EM BUSCA DO IDEAL

Há uma diferença entre a verdade e o ideal.
A verdade é o que é. O ideal é o que pode ser.
O problema é quando, contentando-nos com o ideal, não nos pomos a caminho para levá-lo à condição de verdade.
O ideal descreve o que queremos ser. A verdade oferece os contornos do que somos.
Se este cuidado não nos ocupa, podemos nos satisfazer com as idealizações que fazemos de nós mesmos, de nosso trabalho, de nossa família, de nossa organização.
No plano do trabalho, o ideal é que todos os colegas se respeitem e visem o bem comum. Se a maioria se empenhar, independentemente da hierarquia preenchida, na procura do ideal, ele terá chances de se realizar, nem que seja parcialmente.
No plano da família, o ideal é que os laços de amor sejam tão fortes que o interesse pessoal ceda ao da família, de modo que a felicidade seja vista como um bem comum, não como algo apenas individual, numa celebração escancarada do egocentrismo. Como somos naturalmente egoístas, precisamos nos lembrar que o ideal da solidariedade não se torna real sem que nos dispamos do nosso excessivo individualismo.
Devemos ser ambiciosos (no bom sentido) em projetar o ideal. Devemos ser modestos (também no bom sentido) na descrição dos passos dados. 
Devemos idealizar. Não devemos mentir.
Quando nos apresentamos aos outros como gostaríamos de ser, continuamos sendo o que somos. O próximo passo pode ser a decepção quando o outro se encontra conosco. Nesse caso, seremos vítimas de nossa impostura.
Não devemos ter medo da verdade — a de que somos de carne e osso –, isto é, somos imperfeitos. Ao mesmo tempo, não devemos deixar de buscar a perfeição como um ideal para sempre em nossas vidas.
 
ISRAEL BELO DE AZEVEDO