BOM DIA: NECESSIDADES RADICAIS

Para viver, precisamos ser tratados com TERNURA. Sem ternura, a vida não é possível. Ela dispensa palavras. Acontece no toque.
Para viver, precisamos ser recebidos com HOSPITALIDADE. Quando nos hospedam numa casa, somos tornados seus parentes. Quando somos reunidos numa mesa, a vida é partilhada conosco.
Para viver, precisamos experimentar o SILÊNCIO do outro. Quando nos escutam, nós sabemos quem somos. Conter as palavras é um gesto de generosidade. Quem cuida do outro ouve. Silêncio demanda aprendizagem.
Para viver, precisamos da COMUNICAÇÃO COMPASSIVA. Na hora de falar, cada palavra é envolvida em compaixão. A frase pensada será dita se o amor a aprovar. O conselho será dado se for realmente levantar o outro. 
Precisamos, portanto, que o outro seja terno conosco e nos receba. Precisamos que o outro nos escute e use suas palavras como canais de compaixão.
E o outro?
O outro também precisa de nossa ternura. O outro precisa que coloquemos nossa mão sobre a sua pele e deixemos que o encontro nos conduza. O toque é a suprema comunicação.
O outro também carece que o recebamos. Quando acolhemos o outro, celebramos uma espécie de eucaristia, aquela que foi festejada por Jesus quando deu graças por ter os discípulos com ele durante a refeição.
O outro também cresce com o nosso silêncio, o silêncio de quem ouve, sem o julgar, sem o classificar, sem o diminuir. O silêncio é a chave do cuidado.
O outro também se fortalece quando nossas palavras lhe são ditas para levantá-lo. Nossas palavras são, neste caso, a vida que flui a partir de nós mesmos e alcança o coração do outro.
(Depois de ouvir, em maio de 2015, o psiquiatra argentino Carlos Hernandez, no Congresso do Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos em Guararema, SP)
 
Israel Belo de Azevedo