“Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem poderá morar no teu santo monte?” (Salmo 15.1).
É uma boa pergunta. Que adorador será aceitável a Deus? Num tempo em que de tanto se falar em “adoração” e “adoradores” estas palavras acabaram sendo banalizadas; num tempo quando se reúnem verdadeiras multidões de supostos adoradores para celebrar supostos atos de adoração, é importantíssimo responder à questão levantada pelo salmista. E não é preciso ir muito longe, porque ele próprio responde à pergunta que fez.
E sua resposta passa ao largo das emoções e dos sentimentos, da grandiosidade da cena, da qualidade da adoração ou da tecnologia utilizada no culto. Sua resposta não atenta para a coletividade dos adoradores, mas para a sua individualidade. Aliás, nesse salmo temos um antecipação da doutrina neo-testamentária do sacerdócio universal do crente, que ensina que cada adorador é o ministro de si mesmo perante o Senhor.
Quem qualifica a adoração é o adorador. Por essa razão é que cada adorador precisa ser qualificado. E trata-se de uma qualificação ética: o adorador que Deus aceita é “aquele que vive com integridade, pratica a justiça e fala a verdade de coração.” (v.2). Quer dizer, o verdadeiro adorador a gente conhece não no culto de domingo à noite, mas na segunda feira, quando ele volta para o mundo real, e onde é conhecido tal como realmente é.
Quando o salmista fala em viver com integridade, quer significar que a vida inteira deve ser um ato de adoração e não apenas o momento do culto. Quando o salmista fala em praticar a justiça, está se referindo que a santidade mostrada pelo adorador no culto é a mesma que ele deve mostrar em todos os seus relacionamentos. Quando salmista menciona o falar a verdade de coração, está querendo dizer que as letras dos hinos e cânticos não são meras declarações litúrgicas e mecânicas, mas devem originar-se do profundo da alma daquele que adora.
Quando saímos do templo não nos juntamos à roda dos escarnecedores, pelo contrário, continuamos na presença do Senhor e na grande companhia daqueles que o temem.
Pr. Sylvio Macri