Há três outras dimensões da fé, junto com a fé para a salvação e a fé-confiança.
Uma é a fé confiança nos relacionamentos. Há pessoas que lamentam não mais conseguir restabelecer relacionamentos um dia firmes e depois quebrados. Falta-lhes fé nessa possibilidade de as coisas poderem ser como eram antes. Não admitem que, de novo, podem confiar no outro que falhou, como se também nunca falhassem. Uma mudança nesta disposição é uma aposta no outro. É como se dissesse: "O outro falhou. Eu também já falhei. Voltarei a confiar nele para que nos relacionemos de novo. Pode ser que não dê certo, mas vou apostar". Se este tipo de fé no outro, não há amizade.
Uma quarta dimensão da fé é aquela que se mostra na dificuldade que têm alguns de antever dias melhores, quando os atuais são sombrios. Esta é a fé-visão. Quem tem fé assim age hoje à luz dos resultados de amanhã. Quem crê assim vê, por exemplo, finalizado o livro planejado, terminada a obra projetada, concluído o curso sonhado. A fé-visão faz os olhos brilharem diante do que ainda vai acontecer. Uma fé assim é tributária de uma fé confiança. Por confiar em Deus, quem crê assim antevê o que Deus ainda fará.
Uma quinta perspectiva da fé tem a ver com fidelidade. Fiel é quem persiste, mesmo quando os resultados não são animadores. Fiel é quem continua crendo mesmo quando parece perder ou perde mesmo. Fiel é quem se dispõe a pagar um preço por sua fé. Fiel é o cônjuge que não depende de reciprocidade para continuar amando o seu querido. Fiel é o crente que não depende de bênçãos para continuar amando a Deus.
Em todas estas dimensões, a fé é um exercício. Começa quando Deus sopra seu Espírito Santo sobre nós e faz nossos corações se agitarem de alegria. Continua quando desejamos ser levados no colo por Deus. Prossegue quando, diante das outras possibilidades, elegemos a fidelidade a Deus como nosso programa de vida até à morte.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO