“O meu povo cometeu dois pecados: Eles abandonaram a mim, a fonte de água fresca, e cavaram cisternas, cisternas rachadas que deixam vazar a água da chuva.” (Jeremias 2.13 – NTLH).
Quando eu era bem jovem, participava, com outros jovens de minha igreja no interior, do trabalho de evangelização na zona rural. Usando bicicletas íamos a lugares distantes, às vezes duas vezes por semana. Um desses trabalhos acontecia um domingo por mês, à tarde, na casa de uma irmã que morava a quatorze quilômetros de distância da cidade. No meio do caminho, havia uma cacimba onde parávamos para matar a sede após pedalar por uns dez quilômetros. Fazíamos isso, porque na casa aonde íamos a água não era boa para se beber. (Para quem não sabe, cacimba, naquela região, é um pequeno poço de água fresca que é alimentado por um olho d’água que brota do chão).
A água na Palestina era um bem escasso; por essa razão, os rios, riachos e fontes eram supervalorizados. Onde não havia esses recursos hídricos, cavava-se poços profundos até encontrar um lençol d’água, ou construia-se cisternas para captar a água da chuva. Seria uma grande estupidez construir uma cisterna onde houvesse uma fonte de água fresca, pois a cisterna apenas armazenava água, a qual podia apodrecer ou vazar, se ela tivesse alguma rachadura. Mas foi exatamente isso que o povo de Judá fez, figuradamente, como diz Jeremias, com relação a Deus.
“Abandonar o Deus vivo para servir a Baal comparava-se a abandonar um manancial de águas vivas (correntes) para beber água de uma cisterna. Esta era uma figura que particularmente o povo podia bem compreender, pois naquela região o abastecimento de água era sempre um problema. As cisternas eram necessárias para o fornecimento de água. Entretanto, sendo de fácil contaminação, obviamente, não eram o ideal. E quando estas se rachavam, ficando rotas, a água era perdida e a situação se tornava ainda pior.” (Richard T. Plampin, “Jeremias, seu ministério, sua mensagem”, JUERP, Rio, 1987, p.19).
Portanto, a fé no Deus vivo e Todo-Poderoso é também um ato de racionalidade. Paulo define bem essa questão quando diz, referindo-se aos que adoram outros deuses: “Eles dizem que são sábios, mas são tolos. Em vez de adorarem ao Deus imortal, adoram ídolos que se parecem com seres humanos, ou com pássaros, ou com animais de quatro patas, ou com animais que se arrastam pelo chão.” (Rm.1.22,23).
Pr. Sylvio Macri