ÚLTIMO AVISO (Sylvio Macri)

“Portanto, assim te tratarei, ó Israel. E porque assim te tratarei, prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus.” (Amós 4.12).

Esta é uma passagem famosa e constantemente usada para a pregação escatológica. Ela pertence ao arsenal dos pregadores do juízo, que dão mais ênfase à ira de Deus do que à sua graça. Entretanto, podemos achar um tom de boa vontade divina nestas palavras, apesar de que a advertência solene tende muito mais para um ultimato. Todo ultimato, contudo, propõe uma alternativa, que nesse caso é a chance de Israel preparar-se para esse encontro decisivo.

O “assim te tratarei” refere-se, evidentemente, às punições que Amós vem mencionando desde o capítulo dois. Por exemplo, em 2.13 o profeta diz: “Eu vos esmagarei no vosso lugar como se esmaga uma carroça carregada de feixes”. E em 3.11: “Um inimigo cercará a tua terra, derrubará tua fortaleza e teus palácios serão saqueados.” E ainda em 3.15: “Derrubarei a casa de inverno juntamente com a casa de verão; as casas de marfim se desfarão e as mansões serão destruídas, diz o Senhor.”

A alternativa a isso seria o arrependimento e o abandono de pecados como idolatria, hipocrisia religiosa, luxúria, ostentação, roubo, exploração e opressão contra os pobres e necessitados. Os israelitas tinham uma última oportunidade de mudar sua maneira de cultuar, pensar e agir antes do derradeiro encontro, ou melhor, de sua audiência como o supremo Juiz, em cujo tribunal não há apelação e não há a mínima possibilidade de erro de julgamento, pois “ele é quem forma os montes, cria o vento e diz ao homem o seu pensamento.” (v.13).

O autor da Carta aos Hebreus diz que “está ordenado aos homens morrerem uma só vez, vindo depois o juízo.” Sendo assim, até os últimos minutos de vida temos a chance de nos reconciliarmos com Deus, por meio de Jesus. Foi o que o ladrão na cruz fez, na sua última oportunidade. Mas, por que esperar o último aviso, quando podemos desde agora usufruir a bênção e a alegria do perdão?

Pr. Sylvio Macri