Manifesto a minha preocupação com tanta brincadeira nos encontros pastorais e nos púlpitos das igrejas. As brincadeiras viraram regra e a seriedade, exceção. Sabemos que o ministério pastoral é uma vocação muito séria e não cabe fazer brincadeiras sem graça. Aliás, pastores engraçados não conhecem a graça de Deus em Cristo Jesus. O ministro não pode ser confundido com humorista, que não leva as coisas a sério. O pastor pode brincar, mas há limites. Quando o pastor brinca muito as pessoas não o levam a sério. Há muito humorismo no púlpito. Este é o lugar de pregar as Escrituras com muita seriedade. Há tempo para tudo como diz o sábio (Ec 3.1-8). O Senhor Jesus tinha senso de humor, mas não brincava com as coisas sérias do Reino de Deus.
Muitas brincadeiras podem esconder reais necessidades, traumas e feridas. Brincadeiras excessivas podem esconder uma disfunção psíquica. Não levar as coisas de Deus a sério revela falta de maturidade na vida pessoal e na liderança pastoral. Se observarmos os profetas de Deus, perceberemos que eram homens muito sérios, pois recebiam os oráculos de Deus para transmitir ao povo. O nosso trabalho é muito sério. O senso de humor não pode se transformar em palhaçada. Esta é uma deformação do senso de humor. Temos conhecimento de que há pastores que utilizam redes sociais para brincadeiras, piadas sem graça e picantes.
Um homem de Deus não vive levando a vida com humor excessivo. Precisamos ser alegres, mas não usarmos de palhaçadas. Para alguns pastores, as redes sociais têm sido “panelas” de jocosidade e desconstrução, bem como de preconceito contra companheiros de ministério. O moderador do grupo decide eliminar os que estão fugindo da regra da palhaçada e assim detonando os “diferentes”. Há líderes que não sabem lidar com os que pensam diferente deles.
Não podemos vulgarizar o ministério pastoral. Ele é sublime. Nenhum de nós tem capacidade para exercê-lo, a não ser que o Senhor capacite (2 Co 3.5). O ministro de Deus precisa pedir misericórdia todos os dias, pois é um desqualificado em si mesmo para o exercício do múnus profético. Se estamos onde estamos e somos o que somos é somente e tão somente, pela graça de Deus (2 Co 12.9,10). Você e eu estamos no ministério como homens comuns para um trabalho extraordinário. Neste trabalho não há lugar para humoristas, mas para homens de Deus que dependem exclusivamente de Deus para o exercício do ministério pastoral.
Ministério pastoral não é para mascotes, mas para homens segundo o coração de Deus que apascenta o povo com ciência e com inteligência (Jr 3.15). Não há lugar para amadores no ministério da Palavra, mas para homens que buscam diariamente a excelência em servir a Jesus Cristo. Homens que se consideram incapazes, mas que confiam na suficiência de Cristo Jesus. Que tipo de ministros somos? Homens sérios no púlpito e nas visitas ou humoristas (palhaços)? Queremos aparecer ou deixar que Cristo apareça? Aspiramos a nossa glória ou a glória de Deus? Desejamos ser o centro das atenções ou reconhecemos que o lugar é do Senhor?
Aprecio muitíssimo o Dr. John Henry Jowett, quando falou aos estudantes da Universidade de Yale, nos Estados Unidos da América. Solenemente, ele diz: “Se perdermos o senso da transcendência da nossa comissão, nós nos tornaremos semelhantes a comerciantes comuns, num mercado comum, parolando acerca de mercadoria comum. Eu acho que os senhores haverão de descobrir que todos os grandes pregadores preservaram este admirável senso de grandeza da sua vocação” (1969, p. 17).
Amados pastores, cuidado com as brincadeiras. Eu já brinquei muito. Arrependi-me. Tenho senso de humor, mas não posso ser um humorista, um palhaço a fazer o povo rir em todo o tempo seja no púlpito, nas visitas e nos contatos informais. Não confundamos alegria com humorismo. Sejamos sérios sem perder o senso de humor e de brincadeiras sadias. Não nos prestemos a piadas indecentes. Evitemos o preconceito e o falar jocosamente dos companheiros de ministério. Respeitemos uns aos outros. Que o nosso ministério seja revestido da solenidade de Cristo Jesus, da Sua mansidão e humildade (Mt 11.29). Que o Espírito Santo seja sempre o orientador dos nossos ministérios. Sejamos pastores crucificados, mortos e ressurretos com Cristo Jesus, o nosso Pastor Supremo, e para a Glória de Deus Pai!