“E ele, dando um salto, colocou-se em pé. Então começou a andar e entrou com eles no templo, andando, saltando e louvando a Deus.” (Atos 3.8).
Pedro e João dirigiram-se ao templo às três horas da tarde, hora do sacrifício vespertino. E justamente quando estavam entrando, vinha sendo carregado um homem aleijado de nascença. Seus parentes ou amigos “todos os dias o colocavam naquele lugar para pedir esmolas aos que entravam” (At.3.2). Lucas descreve, então, como os apóstolos curaram esse homem e o impacto que isso causou no povo de Jerusalém e nas suas autoridades.
No capítulo seguinte o escritor informa que ele tinha mais de quarenta anos (At.4.22). Lucas era médico, mas não tinha ao seu dispor os diagnósticos que temos hoje, propiciados pelos modernos estudos neurológicos. Por isso diz que o homem era “coxo”, uma designação genérica para todos os que tinham dificuldades para ficar de pé e andar. Hoje talvez dissesse que ele era paraplégico congênito, uma doença que, mesmo modernamente, não tem cura.
Quem já acompanhou o desenvolvimento de uma criança sabe que ela passa por um processo gradativo de aprendizado do controle motor, paralelo ao desenvolvimento do controle do equilíbrio. Para os pais, são “longos” meses de observação e acompanhamento, em que a criança aprende a virar-se, depois a sentar-se, depois a engatinhar, depois a firmar-se sobre os pés, e finalmente dar os primeiros passos. Mais adiante será capaz de pular e saltar.
O coxo curado por Pedro e João não passou por esse processo; não aprendeu a andar. Contudo, no momento em que Pedro o levantou do chão, ele não apenas ficou de pé, mas deu um salto, queimando todas as etapas necessárias de uma só vez. Tenho à minha frente, nesse momento, vários comentários bíblicos que passam por alto esse detalhe. Lendo o texto, muitas vezes também nos passa despercebido o fato extraordinário de que ele começou imediatamente a usar os membros do corpo que jamais havia usado, andando e saltando.
Talvez seja porque simplesmente sabemos que a cura que vem de Deus é completa e imediata.
Pr. Sylvio Macri
