“Ananias (….), impondo-lhe as mãos, disse: Saulo, irmão, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, enviou-me para que voltes a enxergar e fiques cheio do Espírito Santo.” (Atos 9.17).
Lucas não escreve seguindo uma linha de tempo, de maneira que não sabemos quando aconteceu a conversão de Saulo de Tarso. Muito provavelmente foi algum tempo depois da morte de Estêvão, pois somente assim teria dado tempo de surgir uma igreja em Damasco, cidade que ficava a 240 quilômetros de Jerusalém, e onde havia um grande número de judeus residentes.
Entre estes encontrava-se “um homem piedoso segundo a lei, chamado Ananias, que tinha bom testemunho de todos os judeus que ali moravam.” (At.22.12). Stott observa, citando William Barclay, que Ananias “é um dos heróis esquecidos da igreja cristã” (John R.W. Stott, A Mensagem de Atos, ABU Editora, SP, 2003, p.196). É possível que Ananias tivesse sido um dos convertidos em Jerusalém dispersos pela perseguição iniciada após a morte de Estêvão.
Tudo indica que, vindo para Damasco, ali testemunhou de Jesus aos judeus e fundou, junto com outros, a igreja local. Não resta dúvida de que era um servo fiel e um dos líderes da igreja, talvez o mais proeminente, pois foi escolhido pelo Senhor para receber Saulo como irmão em Cristo, curá-lo de sua cegueira temporária, batizá-lo, instruí-lo como novo crente e investi-lo da missão de apóstolo aos gentios , como registram Atos 9.10-19 e Atos 22.5-16.
As informações sobre Ananias são muito parcas, ele é quase anônimo, mas as que temos dão para formar um perfil extremamente positivo: ele tinha um alto nível de comunhão com Deus, tanto que teve liberdade de questionar a ordem de Jesus, por ter notícias ruins sobre Saulo (At.9.13,14); ele era um servo obediente, pois mesmo assim cumpriu, e bem, a ordem de receber Saulo como novo crente; ele acreditou em Saulo e foi instrumento de Deus para a vocação daquele que seria o maior de todos os missionários cristãos em todos os tempos.
Pr. Sylvio Macri
