“Os apóstolos e os irmãos que estavam na Judéia ficaram sabendo que os gentios também haviam recebido a palavra de Deus. E quando Pedro subiu a Jerusalém, os que eram da circuncisão discutiam com ele, dizendo: Entraste em casa de homens incircuncisos e comeste com eles.” (Atos 11.1-3).
Gamaliel havia advertido os conselheiros do Sinédrio que estavam perseguindo a igreja que tomassem cuidado para não serem achados combatendo contra Deus (At.5.38,39). Pois bem, a expressão de Gamaliel agora aplicava-se à própria igreja de Jerusalém. Na verdade os que eram da circuncisão (crentes judeus) estavam combatendo contra Deus muito antes disso. Primeiro, por se omitirem de cumprir a ordem de Atos 1.8; depois, por cumpri-la com uma interpretação exclusivista, entendendo que, mesmo pregando na Judéia, Samaria e confins da terra, sua mensagem era só para os judeus (At.11.19).
Pedro também pensava assim, tanto é que Jesus precisou usar uma visão para quebrar seu preconceito. Por três vezes (novamente três vezes!), Jesus mostrou-lhe por figura e por palavra que não devia considerar sujo aquilo que Deus limpou. Mas ele ainda veria mais. Na casa de Cornélio, cheia de gentios, que o estavam esperando para ouvir dele o que o anjo de Deus havia prometido ao centurião romano, Pedro e seus companheiros judeus viram o Espírito Santo descer poderosamente sobre “todos os que ouviam a palavra” (At.10.44).
No início da sua mensagem Pedro dissera que “Deus não trata as pessoas com base em preferências” (At.10.34), pois, como ele mesmo admitira antes de começar sua fala, “Deus mostrou-me que a nenhum homem devo chamar profano ou impuro” (At.10.28). Agora ele pergunta: “Será que alguém pode recusar a água para que não sejam batizados estes, que como nós, também receberam o Espírito Santo?” Em outras palavras: “Algum de nós se colocará contra o que Deus operou aqui e agora?”
Entretanto, aqueles crentes de Jerusalém fizeram isso. Não é possível que não soubessem que os gentios de Cesaréia também haviam sido batizados no Espírito Santo. A notícia já havia corrido. O que havia neles era uma resistência em aceitar que a graça de Deus não escolhe raça nem outra qualquer condição. Mas Pedro, com sua autoridade de apóstolo e líder, manteve firme a sua posição. Sua palavra a esses preconceituosos soa como a advertência de Gamaliel: “Quem era eu, para que pudesse me opor a Deus?” (At.11.17).
Tomemos nós, também, cuidado para não sermos achados combatendo contra Deus.
Pr. Sylvio Macri
