CRENTES DE SEGUNDA MÃO (Sylvio Macri)

“Aconteceu também que alguns judeus, exorcistas ambulantes, tentaram invocar o nome de Jesus sobre os que tinham espírito maligno, dizendo: Eu vos ordeno por Jesus a quem Paulo prega. Todavia, o espírito maligno respondeu: Conheço Jesus, e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?” (Atos 19.13,15).

A cidade de Éfeso e sua circunvizinhança foi o lugar em que Paulo mais trabalhou. Ele próprio diz em Atos 20.31 que o seu ministério ali durou três anos. Foi ali também que adotou um estratégia diferente, usando a escola de Tirano durante dois anos para pregar e ensinar.  Lucas chega a dizer que essa estratégia deu tão certo “que todos os que habitavam na Ásia, tanto judeus como gregos, ouviram a palavra do Senhor” (At.19.10). Ásia aqui era a província romana da Ásia, na atual Turquia.   

O evangelho tornou-se tão atuante em Éfeso que provocou algumas reações notáveis. Uma delas foi uma imensa fogueira acendida em praça pública pelos que tinham se convertido, para queimar uma quantidade tão grande livros de feitiçaria e artes mágicas, que seu valor foi calculado em cinquenta mil moedas de prata.  Outra foi o movimento liderado por Demétrio, chefe dos fabricantes de objetos de idolatria para deter o trabalho de Paulo, pois, dizia ele, o apóstolo convertia tanta gente que daí a uns tempos a idolatria seria extinta na cidade, que era considerada a guardiã do templo e da imagem da deusa Diana.  

Mas talvez a reação mais inusitada tenha sido a dos sete filhos de Ceva, judeus exorcistas ambulantes, que, impressionados com os milagres extraordinários que Paulo realizava, tentaram imitá-lo. Pensaram que bastava repetir as palavras de Paulo, como se fossem uma expressão mágica, para que os demônios fossem expulsos. Ocorre que eles falaram ao espírito maligno “em nome de Jesus, a quem Paulo prega”, porque, infelizmente, não conheciam Jesus em primeira mão. O espírito maligno deixou isso bem claro quando lhes disse, em outras palavras: “Jesus tem poder, Paulo tem autoridade, mas vocês nada são.”

E, para piorar, o homem a quem o demônio possuía partiu para cima deles, surrando tanto dois deles, que tiveram que fugir, nus e feridos. Lucas registra que “esse episódio se tornou conhecido por todos os que moravam em Éfeso, tanto judeus como gregos; e todos se encheram de temor, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido.“ (At.19.17). Todos aprenderam que é preciso conhecer Jesus pessoalmente, tanto para ser salvo por ele como para realizar a sua obra. Infelizmente se vê muito crente de segunda mão por aí.

Pr. Sylvio Macri