REFORMA, 1/3 – SOLA FIDE

A partir de uma busca pessoal, Martim Lutero deu início a uma revolução espiritual sem precedentes na história do Cristianismo.
A ideia de que o pertencimento a uma igreja conferia paz já não mais trazia tranquilidade às pessoas, sobretudo diante das desgraças que assolavam a Europa e dos desvios da fé cristã. Centrada em sua autoridade, a Igreja Católica, vendia a salvação de porta em porta sem confissão de pecados e sem arrependimento.
Em sua procura, Lutero foi à sede da sua Igreja em Roma. Voltou arrasado diante do que viu. A busca empreendida por Lutero ficou mais intensa depois que, preparando suas aulas sobre Romanos, leu que o o justo vive pela ou da fé (Romanos 1.17, citando Habacuque 2.4):
 
"O justo viverá da fé:.
 
O professor percebeu que não faziam sentido os seus esforços para ser aceito por Deus. Recolhido em suas pesquisas na Alemanha, Lutero soube da chegada de um emissário de Roma ao seu país para vender perdões de pecados mediante módicas contribuições financeiras, a serem empregadas na construção de uma basílica.
A leitura e os eventos mostraram a Lutero que ninguém é justificado por pertencer a uma igreja e receber os sacramentos, mas pela fé, que é um sentimento que inclui a compreensão da força do pecado e a certeza do perdão, mediante a confissão. Em outras palavras, uma pessoa é salva por meio da fé ou, nos termos latinos, pela "sola fide" (fé somente).
Sobre esta descoberta, Lutero anotou: 
 
"Assim que compreendi que era apenas por intermédio da graça de Deus que eu seria iluminado e receberia a vida eterna, trabalhei com empenho para entender o que Paulo diz em Romanos 1.17  — uma justiça que vem de Deus é revelada no Evangelho".
 
Seu relato prossegue:
 
"Com a ajuda do Espírito Santo, olhei mas cuidadosamente para o que o profeta Habacuque disse (…). Desse trecho, concluí que a vida deve vir da fé. (…) Relacionei o conceito de justiça a uma pessoa que se torna justa. Em outras palavras, uma pessoa toma-se justa por meio da fé. Isso abriu toda a Bíblia — até o próprio céu — para mim!"
 
Para ele, 
 
"Assim, não devemos atribuir o poder da justificação algo formado e nós que nos faz agradáveis a Deus. Devemos atribuí-lo à fé, a qual aceita Cristo, o Salvador, e o mantém em nossos corações. Essa fé nos justifica, independente e anteriormente ao amor".
 
Lutero nos ensina a viver pela fé, contra a nossa tentação de querer merecer a graça de Deus.
 
ISRAEL BELO DE AZEVEDO