"Pois, quem jamais conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.” (1Coríntios 2.16).
Ter a mente de Cristo é pensar, falar e agir sob a perspectiva de Cristo. Isto é contracultura, como diz John Stott, que escreveu um livro inteiro sobre isso (A Mensagem do Sermão do Monte – Contracultura Cristã, ABU Ed.SP, 2001). E o famoso livro “Em seus passos, o que faria Jesus” também captou muito bem essa ideia, mostrando, ficticiamente, a reviravolta que pode haver numa igreja quando seus membros passam a ter a mente de Cristo.
Para Paulo, a mente de Cristo é a mente da cruz, a qual era escândalo para os judeus e loucura para os gregos. Morrer na cruz, para os judeus, era uma fraqueza; para os gregos, era completamente absurdo. Mas o absurdo de Deus é mais lógico que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte que os homens (1Co.1.18-30). Por isto Cristo nos chama para a cruz: “Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me.” (Lc.9.223). Se não temos a mente de Cristo, a cruz perde todo o significado para nós (1Co.1.17).
Para Paulo, a mente de Cristo é a mente do Espírito. É por meio do Espírito que Deus revela aos que o amam as coisas que os olhos não viram, que os ouvidos não ouviram e que não penetraram o coração humano, pois é ele quem conhece profundamente as coisas de Deus (1Co.2.9-11). Não é “a sabedoria desta era” (1Co.2.6), mas a sabedoria revelada em Cristo, “em quem estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Cl.2.3). É a sabedoria da Palavra de Deus, inspirada pelo Espírito, a qual é plenamente suficiente para nos ensinar, repreender, corrigir e instruir.
À medida que incorporamos a mente de Cristo, vamos mudando radicalmente nossa ética, nossas crenças, nossa espiritualidade, nossas prioridades, nossos relacionamentos e nossos compromissos. E vamos, assim, nos colocando em oposição ao mundo. Pois, como negar a si mesmo num mundo que cultua a autoestima elevada? Como amar o próximo num mundo altamente competitivo, em que o outro é visto como aquele que quer tomar o nosso lugar? Ser radical é ter a mente de Cristo.
Pr. Sylvio Macri