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Ouçamos algumas muito tristes histórias:
1. Há seis meses, ela estaria com o marido no passeio da Terceira Idade. No entanto, ele agora estava sem ela. Uma leucemia ceifou a sua vida numa questão de semanas. Alternando lágrimas e sorrisos, lamentos e louvores, ele poderia ficar em casa morrendo junto, mas preferiu viver. A sua vida continuava.
2. Num gesto surpreendente até para a esposa, num momento em que lhe faltou a lucidez, o marido encerrou sua jornada terrena pondo a cabeça num laço fatal. O peso da perplexidade, diante dos filhos, dos amigos e da sociedade, recaiu todo sobre os ombros da esposa, mas, enquanto chorava, falava com carinho do marido, em quem se inspirava e a honra celebrava, embora ele estivesse para sempre ausente. Decorrido um tempo, ela retomou alguns contatos com os amigos dele. Sobretudo, ela protegeu seus filhos da dor, sabendo que para os meninos e para ela, a vida precisava continuar.
3. Há algum tempo, o marido dela partiu, de mãos dados com outra mulher. Sentindo-se rejeitada, a esposa protestou. Depois, absorveu o golpe da traição inesperada. Ainda assim tentou manter o casamento, desde que baseado no amor e na verdade. Ele não quis e arrumou suas coisas e desapareceu sem intenção de voltar. Enquanto pôde pedir por sua volta, ela rogou e lutou, intensamente lutou. Tendo percebido a derrota, levantou a cabeça, passou a cuidar de si mesma e a se dedicar ainda mais aos seus filhos. Sua vida continuou.
O rei Davi, há 3.000 anos, fez o mesmo. Orou muito por um filhinho. Tendo morrido o menino, tomou banho, arrumou-se e se alimentou, para espanto dos seus familiares e cortesãos. Sua vida tinha que continuar.
Se perdemos, por morte ou distanciamento, um parente ou um amigo, precisamos saber que não temos que ser enterrados juntos: a nossa vida precisa continuar.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO