A DÁDIVA DA DOR (Oswaldo Jacob)

“Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou sobre si as nossas dores; e nós o consideramos aflito, ferido por Deus e oprimido” (Isaías 53.4).

Este é o título do livro escrito por um teólogo, Philip Yancey, e um médico, Paul Brand, ortopedista e cirurgião renomado. “Ouça sua dor. É o seu corpo falando com você” (Dr. Brand). Sabemos que a dor é uma das consequências da desobediência do homem, do nosso pai Adão, no Jardim do Éden (Gn 3.16). Sabemos que a dor revela que alguma coisa não vai bem em nosso corpo. É um indicativo de nossa fragilidade e de nossas limitações humanas. A dor é uma pedagoga bem eficiente e eficaz. Ela nos leva a buscar ajuda, socorro. Ela incomoda muito. Nenhum ser humano aprecia a dor. Almejamos o alivio da dor.

O Senhor conhece a nossa dor, o nosso sofrimento. O Senhor Jesus curou muitas pessoas, as livrando do incomodo da dor. Esta, muitas vezes, desestabiliza as emoções. A dor pode enfraquecer o homem. Pode humilhá-lo. Leva-lo a um estado de angústia profunda e até depressão. A dor do luto e as demais dores nos levam a olhar para o alto, a buscar mais as coisas de cima, onde Cristo está assentado à destra do Pai (Cf. Col 3.1,2). A dor leva à reflexão. Expõe a nossa humanidade, a fraqueza da nossa estrutura humana.

Bendita dor! Ela nos instrui a uma caminhada de humildade e mansidão. Um pregador com câncer de próstata, exclamou: “Bendita dor!”. Sim, ela é bendita porque nos leva a olhar para cima e para dentro. Sentimos dor debaixo da graça de Deus. Nós a experimentamos sob as misericórdias de Deus. A dor não deve nos levar a murmurar, mas a louvar. A dor deve ser enfrentada com um coração em Deus. O Senhor Jesus levou sobre Si as nossas dores (Is 53.4,5). Pela fé, devemos lançar sobre Ele nossas dores. Jesus sentiu uma dor infinitamente maior, a dor da nossa culpa, das nossas transgressões. Ele foi ferido por causa das nossas transgressões e moído por causa das nossas iniquidades (Is 53.46). Graças ao Pai, pelas pisaduras de Jesus fomos tratados para enfrentarmos a dor e a superá-la.

O doutor Paul Brand declara: “Para o bem e para o mal, a espécie humana tem entre os seus privilégios a preeminência da dor. Temos a capacidade única de sair de nós mesmos e auto-refletir […]. Algumas dores – a dor do luto ou de um trauma emocional – não envolvem nenhum tipo de estímulo físico. São estados de espírito, forjados pela alquimia do cérebro. Essas proezas conscientes permitem que o sofrimento perdure na mente por um tempo maior, mesmo que a necessidade que o corpo tem desse sofrimento já tenha passado. Todavia, eles também nos oferecem o potencial para atingir uma perspectiva que irá mudar o próprio panorama da experiência da dor. Podemos aprender a lidar com ela e até triunfar”.

Seja qual for a nossa dor, a sua origem, os seus motivos, que a lancemos sobre o Senhor Jesus. Apropriemo-nos da Sua graça que nos basta, pois o Seu poder se aperfeiçoa na fraqueza (Cf. 2 Co 12.9,10). Devemos usar a linguagem de Davi no Salmo 103.1-3: “Ó minha alma, bendiz o Senhor, e todo o meu ser bendiga o Seu santo nome. Ó minha alma, bendiz o Senhor, e não te esqueças de nenhum dos seus benefícios. É Ele quem perdoa todas as tuas iniquidades, quem sara todas as tuas enfermidades”. Aprendemos com Jó, no seu sofrimento, quando ele disse: “Eu sei que o meu Redentor vive e que por fim se levantará sobre a terra” (Jó 19.25). Em Cristo Jesus somos mais que vencedores (Cf Rm 8.37). Que vejamos a dor como um sinal de alerta e como uma oportunidade para crescermos na graça e no conhecimento de Cristo Jesus (Cf. 2 Pe 3.18).