“Todo o que vai além do ensino de Cristo e não permanece nele, não tem a Deus. Quem permanece no ensino, esse tem tanto o Pai como o Filho.” (2João 9).
João escreveu duas pequenas cartas para falar sobre o mesmo assunto: a hospitalidade aos pregadores itinerantes. Numa época em que não havia muita disponibilidade de estabelecimentos especializados em hospedar pessoas, esses missionários viajantes precisavam contar com a boa vontade dos crentes das cidades que visitavam, sendo assim abrigados e alimentados. Porém, João diz que, mesmo naquele tempo, “Muitos enganadores já saíram pelo mundo, os quais não declaram que Jesus Cristo veio em corpo. Quem assim procede é o enganador e o anticristo.” (2Jo.7). Deviam, pois, tomar cuidado.
Já na sua primeira carta João tinha ensinado: “Amados, não acrediteis em qualquer espírito, mas avaliai se os espíritos vêm de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo. Assim conheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus veio em corpo é de Deus.” (1Jo.4.1,2). Portanto, antes de hospedar um missionário itinerante, os irmãos deveriam verificar seu ensino. Se fossem novidadeiros, se pretendessem ensinar uma nova e avançada versão do evangelho de Cristo, não deviam ser recebidos e hospedados, nem sequer cumprimentados, pois quem os cumprimentava participava de suas obras más (2Jo.10,11).
Como diz Barclay, “o cristianismo não é uma teosofia nebulosa, indefinida, descontrolada; está ancorado eternamente na figura histórica de Jesus Cristo” (William Barclay, El Nuevo Testamento Comentado, I, II, II Juan y Judas, Editorial La Aurora, Buenos Aires, 1974, p.158). Jesus não foi uma fantasma que andou pelo mundo. Ele pode desafiar Tomé, que tinha duvidado da ressurreição, a tocá-lo nas feridas dos cravos e da lança. E João diz enfaticamente: “O que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e nossas mãos apalparam, a respeito do Verbo da Vida, (….), sim, o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos.” (1Jo.1.1,3).
Por outro lado, se tais missionários fossem avaliados positivamente, João ensina que era dever da igreja “encaminhá-los na sua viagem de modo digno de Deus”; e completa: “Devemos acolher os que forem como eles, para que sejamos cooperadores da verdade.” Não seria honroso que tais obreiros tivessem que recorrer a não crentes para o seu sustento (3Jo.6-8). Eis um grande ensino sobre a obra missionária: é nosso dever sustentar aqueles que são chamados e saem a proclamar o nome de Jesus com fidelidade.
Pr. Sylvio Macri