FOFOCA E DESUNIÃO (Oswaldo Jacob)

Esses dois substantivos estão intimamente ligados. Causa e efeito. Sabemos que há pessoas que falam demais. Elas o fazem, muitas vezes, no piloto automático. Sem perceberem, estão discorrendo sobre a vida alheia, fazendo comentários negativos e destruidores da unidade, especialmente da igreja. É impressionante o número de fofoqueiros de plantão em nossas comunidades, que promovem separação entre os irmãos. São homens e mulheres que não têm o que fazer. Fica muito feio para os dois. A nossa língua é perigosa e pode matar (Tg 3.1-18). Há pessoas que são viciadas em falar da vida alheia, em comentar de forma ferina, maldosa, a vida das pessoas. Creio que elas são infelizes porque se satisfazem em ocupar-se da fofoca ou maledicência. Não olham para as suas próprias vidas, não avaliam o seu comportamento, não têm discernimento. Vivem catando as migalhas da mesa dos outros. Não são pessoas de confiança. Aliás, os maledicentes não merecem confiança. Eles podem matar as pessoas com a sua língua afiada como um instrumento cortante.
 
Os fofoqueiros criam desunião na família e nos demais contextos onde estão inseridos. São pessoas doentes, esquizofrênicas e com taras que caracterizam uma vida infeliz, inútil ou improdutiva. Geralmente os que se ocupam em falar da vida alheia não trabalham, não fazem coisas úteis, não são servos, e se alimentam da desgraça alheia, desgraçando ainda mais a vida dos outros. São como ventiladores que espalham as penas da maledicência, impossível de serem recolhidas. A fofoca produz desunião, desagregação e confusão no meio do povo. Impede o crescimento qualitativo e quantitativo da igreja de Jesus.
 
A língua maldosa é um fogo que incendeia a comunidade da graça. Causa destruição. É um membro pequeno do corpo que se gaba de grandes coisas, e é como um mundo de maldade (Tg 3.5,6). A língua maledicente é do inferno (Tg 3.6). É difícil, diz o apóstolo Tiago, domar a língua, contê-la, pois está cheia de veneno mortal em função da natureza de Adão (Tg 3.8). Com ela bendizemos a Deus Pai, e amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus (Tg 3.9). Há uma incoerência na língua maldita. É a língua que coça para fazer comentários sem propósito e infelizes. O Senhor Jesus, expondo a triste realidade do interior do homem, disse: “Porque do coração é que saem os maus pensamentos, homicídios, adultérios, imoralidade sexual, furtos, falsos testemunhos e calúnias. São essas coisas que tornam o homem impuro […]” (Mt 15.19,20).
 
Onde há fofoca, há desarticulação. Os que promovem a maledicência não herdarão o reino dos céus (Gl 5.19-21). O apóstolo Paulo exorta os irmãos de Éfeso, dizendo: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra que cause destruição, mas só a que seja boa para a necessária edificação, a fim de que transmita graça aos que a ouvem” (4.29).  Esta é a postura do crente. Ele não cria desunião, mas união, trabalhando  zelosamente  pela unidade do Espírito no vinculo da paz. Ele é um promotor da convivência amorosa, sábia, solidária e respeitosa. 
 
Confesso que há em mim uma mistura de indignação, raiva e pena dos que falam mal da vida dos outros. Ocupam-se de, jocosamente, comentar a vida do próximo, de denegrir a sua imagem. Fazem até piadas desrespeitosas. São pessoas desajustadas, doentes, psicóticas, neuróticas e portadoras de um sentimento de inferioridade sem precedentes. Elas perderam a autoridade espiritual (se é que um dia já tiveram). Não têm vergonha. Deixam escapar as melhores oportunidades de servirem em amor, de falarem bem das pessoas, encorajá-las e em trabalharem pela unidade do Corpo de Cristo. Ai daqueles que promovem a maledicência, os boatos e a consequente desunião. São criadores de um ambiente de insegurança relacional. As pessoas que falam mal do próximo são deformadas moral, emocional e espiritualmente. Vejamos o que o Espírito diz em Provérbios 6.16-19: “Seis coisas o Senhor detesta, sim, sete que ele abomina: olhos arrogantes, língua mentirosa, e mãos que derramam sangue inocente; coração que faz planos perversos, pés que se apressam a praticar o mal; testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia inimizade entre irmãos”. Ai estão os traços bem nítidos dos maledicentes ou fofoqueiros ávidos por comentários maldosos. Que Deus, nosso Pai, tenha misericórdia de todos nós!