Quando, ao nosso redor,
A vida se desmorona, como um dominó,
Com tudo sob o controle da intensa dor,
Quando todos apontam na mesma direção,
Como se houvesse apenas uma orientação
para onde todos (bois?) unanimemente vão,
Quando o beco é o nosso horizonte,
Não havendo para o rio uma ponte,
Nem para o túnel uma clara variante,
Quando nossa saúde recebe diagnóstico,
Que assusta e não permite gesto apático,
por ser tristemente reservado o prognóstico,
Quando se desorganiza a economia nacional
E a nossa, que nos permite tocar a vida pessoal,
Também conhece o descontrole total,
Quando o crime, mais que parece, compensa,
E a sua teia cada vez mais se adensa
E achamos que não há mesmo esperança,
Quando o mal, que brilhava longe, chega perto,
E o destino pior parece absolutamente certo,
Confusa a história, quebrado o nosso conforto,
Quando a pressão com força nos esmigalha,
O medo sobre o nosso corpo se espalha,
A fé é como lenha que arde na fornalha,
Precisamos de serenidade.
Serenidade não é conquista.
Não se guerreia por ela.
Não vem quando nossa ansiedade ainda fala.
É dom que Deus nos põe à vista.
Desce-nos quando nossa alma se ajoelha.
Toma-nos quando nossa sabedoria se cala.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO