Terça, 12/04/16 — O DINHEIRO NÃO TEM RAZÃO

Refletindo: Salmo 94
 
A corrupção é como uma fera,
Que corpos inocentes dilacera
E faz com que uma pergunta grite:
Por que Deus, tão poderoso, permite
Que a justiça se torne a avenida
Por onde em espetáculos bem ensaiados
— E recebidos pelos miseráveis esmagados
como festas a aplaudir —
Desfilam os fraudadores, risos ornamentados,
Orgulhosos diante da ferida
Que cava a sua reluzente riqueza obtida
Com o sangue dos que mendigam dignidade?
 
A corrupção é surda diante da verdade.
Não tem olhos para a dor,
Apenas dedos para contar o valor
Que o crime compensou.
Não tem ouvidos para escutar o clamor
Para que abandone a crueldade.
A corrupção é monoteísta:
Só crê no dinheiro,
Como se não soubesse que no banco de Deus,
Onde estão os tesouros que ninguém leva,
Não entra cifrão roubado.
O que aqui reluz,
O que aqui seduz.
No paraíso transparente de Deus,
Que sabe todas as coisas e não pode ser enganado,
na ilha eterna, onde as coisas realmente importam, 
Não há transferência para os recursos vindos da morte,
não há câmbio para as moedas da sonegação.
Não há prêmio para os que desafiam o ideal verdadeiro:
Os que viverem verão quem tem razão.
Não é o dinheiro.