Este substantivo é muito precioso em nossos relacionamentos. Ele é diferente de simpatia. Ser simpático é estar ao lado de alguém. Ser empático é estar com o outro. Na experiência eclesiástica estamos mais para simpáticos do que para empáticos. Poucos se importam com a enfermidade do seu irmão em Cristo. Igualmente com o desemprego, com crises familiares, com enfermidades emocionais, etc. O individualismo tem comprometido os nossos relacionamentos dentro e fora do ambiente eclesiástico. Ele é uma marca do nosso século.
No seu artigo muito bem elaborado, Eugênio Mussak trabalha a diferença entre simpatia e empatia. Diz ele: O simpático está ao seu lado; o empático está com você. O simpático olha para você; o empático o toca, mesmo que não use as mãos. O simpático é agradável; o empático é necessário. Se alguém mostra simpatia quando você está com um grande problema, está sendo educado, solidário, compreensivo. Mas quem é empático mostra solidariedade real, disposição genuína em colaborar. O simpático tenta demonstrar seu ponto de vista. O empático quer ouvir, abrir espaço para que você desenvolva sua própria compreensão. [1]Penso que todos nós concordamos com ele.
Em nossas comunidades há muitos simpáticos, mas poucos empáticos, que se importam com o irmão nas suas necessidades. Temos muita verbalização, mas pouca ação. Usamos mais a mente (as nossas racionalizações) do que o coração (as nossas ações propositivas). A igreja primitiva experimentou por um bom tempo uma empatia impressionante, pois tudo lhes era comum (At 2.42-47; 4.32-37). Homens e mulheres de Deus que fizeram toda a diferença na vida da igreja e na comunidade onde ela estava inserida. Caíram na graça do povo. Paulo, ao escrever aos irmãos em Roma, na conclusão de sua carta, agradece a um grupo de homens e mulheres marcados por uma profunda empatia (Rm 16). Os nomes não eram bonitos, mas as suas vidas eram lindas. Eram irmãos comprometidos com a empatia de Cristo. A agenda deles era a do Reino de Deus.
O Senhor Jesus foi empático em todo o tempo. Ele andava por toda a parte fazendo o bem (At 10.35). Ele levou sobre Si as nossas enfermidades e as carregou com as nossas dores (Is 53.4,5). É impressionante a empatia do nosso Salvador! Paulo exortou os irmãos de Filipos: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus” (2.5-11). Paulo trata aqui de relacionamento saudável, empático, a partir da humilhação e exaltação de Cristo. O Senhor é o exemplo de empatia. A simpatia não traz unidade ao Corpo de Cristo, mas a empatia traz. A simpatia é superficial, mas a empatia é profunda. Jesus sentia compaixão, empatia pelas pessoas durante o Seu ministério. O samaritano moveu-se de íntima compaixão, moveu-se de empatia ao ver o homem caído, ferido e ensanguentado. Na prática da sua empatia, ele cuidou do próximo.
Temos sido pessoas simpáticas, agradáveis, mas sem comprometimento, sem compaixão que age verdadeiramente em favor do próximo. A simpatia pode ser simplesmente reativa, mas a empatia é proativa. O nosso grande desafio como líderes e liderados é vivermos a empatia de Cristo, que a Si mesmo se deu por nós como oferta e sacrifício ao Pai em aroma suave (Ef 5.1,2). À luz da empatia do Senhor Jesus, constatamos que somos muito bons na fala, mas ruins na prática. Prometemos, mas não cumprimos. Somos bons em relacionamentos institucionais, mas ruins em relacionamentos pessoais, caracterizados pelo amor que tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta (1 Co 13.4-8).
A simpatia é fruto do gostar, mas a empatia é resultado do amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm 5.5). É aqui que temos falhado em nossa caminhada cristã. Estamos mais para o sacerdote e o levita da parábola contada por Jesus do que para o samaritano (Lc 10.25-37). Estamos muito ocupados com os nossos interesses e nos esquecemos dos que mais precisam. A nossa desculpa é a correria. Culpamos a nossa agenda “carregada”. Na verdade, a nossa agenda deve ser definida pelo Senhor das nossas vidas. Bob Pierce, fundador da Visão Mundial Internacional – uma organização cristã que trabalha com crianças e famílias carentes em centenas países do mundo –, disse: “Que a minha vida seja quebrantada pelas coisas que quebrantam o coração de Deus”. Então, que as nossas vidas sejam assim também. O mundo precisa de cristãos empáticos (uma redundância), cujas agendas sejam definidas pela agenda de Deus. Sejamos empáticos como Cristo para a Glória de Deus Pai!
[1]MUSSAK, Eugênio. EMPATIA X SIMPATIA. Revista VOCE S/A (abril,2016). São Paulo: Editora Abril, p.35.