É muito triste ver pessoas seja na esfera pastoral, política ou qualquer outra atividade, exercerem suas funções com a corda na barriga, isto é, por causa de sustento, de salário ou posição em detrimento de valores nobres. É deprimente constatarmos pessoas em cargos por causa da manutenção do status quo. Esta realidade, infelizmente, tem sido comum em vários setores da sociedade. Há pastores, políticos e profissionais que se mantêm em suas funções por mero interesse monetário. Eles atropelam valores que aprenderam seja na família, seja na igreja. Há muitos infelizes vivendo uma vida confortável. Negociam cargos, posições e recursos por causa de vantagens pessoais. Preferem uma corda na barriga, ou seja, viver em função de sua subsistência. Optam por uma vida cheia vantagens. Há pastores e políticos que ferem a ética para se manterem na liderança ou em seus cargos. Para essa gente, não há fronteiras morais. São pragmáticos e maquiavélicos. São movidos por mero interesse em poder. Pastores, políticos e profissionais aliançados com gente da pior espécie, gente corrupta, sem caráter. O que se torna agravante é que eles sabem dessa verdade. A política dentro e fora da igreja não une amigos, mas interesses.
Viver com a corda na barriga é viver no prazer pelo prazer. O hedonismo é a sua bandeira. Essas pessoas fazem de tudo para se manterem em posição de destaque. Na verdade, o maquiavelismo (não importam os meios para se alcançar os objetivos) tem dominado ambientes de liderança eclesiástica, empresarial e política. Não há sensibilidade ética. Não há nobreza de caráter. As vantagens são mais relevantes do que as convicções. O que se lamenta é que muitos que estão nessa situação têm formação cristã e são até líderes em igrejas. Ficamos boquiabertos com tanto desprezo pelas Escrituras e pela fidelidade de Deus. Há mais confiança nas vantagens que os homens oferecem do que na provisão de Deus. Eles se esquecem que Deus, nosso Pai, é sempre Fiel e não pode negar-se a si mesmo (2 Tm 2.13). A corda na barriga é uma infâmia quando vista à luz do cristianismo autentico, tão ensinado pelo Senhor Jesus.
Experimentar a corda no pescoço tendo um enforcador a puxá-la é um privilégio para o cristão genuíno. A corda no pescoço é a realidade da coerência em Cristo Jesus. Muito poucos estão dispostos a renunciarem as vantagens de um cargo em função de suas convicções cristãs. Infelizmente para muitos, as alianças políticas dentro e fora do ambiente eclesiástico têm estado acima das convicções cristãs, da coerência de Cristo. O cristão autentico prefere ganhar pouco, mas ser fiel, íntegro, dizendo não ao erro, à corrupção, ao engano. Prefere o anonimato à fama. Decidiu ser simples como Cristo Jesus que não tinha onde reclinar a sua cabeça. Escolhe ser fiel ao Senhor do que ser subserviente aos homens. Prefere a vergonha da cruz à glória de uma vida repleta de privilégios. A pessoa que tem a corda no pescoço não teme a morte. Não teme as ameaças. Reafirma suas convicções dizendo não aos esquemas desse mundo. Está disposta a pagar o preço da sua vida cristã. Como diz Kenneth Blanchard, “não há travesseiro mais macio do que uma consciência tranquila”.
João Batista foi coerente até o fim de sua vida. Denunciou o pecado de Herodes Antipas, um governante da Judéia, antes da manifestação do Senhor Jesus. Era ele um homem cheio do Espírito Santo e de sabedoria. A coerência do Senhor era o seu padrão de escolha. Teve a sua cabeça física cortada, mas não a sua integridade, a sua probidade e a sua coerência. Ele sempre foi fiel Àquele de quem ele não se considerava digno de desatar as Suas alparcas ou sandálias. Ele é um exemplo de homem íntegro a toda a prova. Um homem que se manteve fiel ao Deus Fiel. Ele não estava preocupado em manter-se numa posição de líder simplesmente, mas em ser coerente como o Senhor Jesus Cristo. Sou muito grato a Deus por homens e mulheres que não se vendem para obterem cargos. Louvo a Deus por homens e mulheres comprometidos em levar as cargas uns dos outros para cumprirem assim a lei de Cristo (Gl 6.2). A pessoa que tem a corda no pescoço por causa da sua coerência cristã honra a Trindade de Deus.
Que amemos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos (Mt 22.34-40). Não negociemos os valores do evangelho de Cristo. Rejeitemos os acordos, as alianças e os compromissos com pessoas desleais, infiéis, corruptas, que afrontam os princípios da doutrina cristã. É muito melhor termos uma corda no pescoço a uma corda na barriga. Infinitamente melhor vivermos uma vida honesta, simples e coerente com os ensinos de Jesus a uma vida despida de referenciais cristãos. Sejamos instrumentos de Deus para a transformação dessa sociedade maquiavélica, pragmática e marcada fortemente pelo hedonismo, consumismo, utilitarismo, estilismo e na busca do prazer pelo prazer. Sejamos visceralmente contra toda espécie de corrupção. Possamos dizer não aos apelos meramente pragmáticos, que nos oferecem vantagens passageiras. Sejamos pessoas despidas de interesses meramente materiais. Sejamos tomados pelo temor de Deus que é o princípio da sabedoria (Pv 1.7). Que o Pai seja glorificado nos Seus filhos que andam na obediência.