CONSTRUINDO UM TEMPLO RELIGIOSO – Parte 1 (Amurabe Farel)

Sou batista. Filho de pastor batista, nasci num lar cristão e fui batizado aos 12 anos de idade, por meu pai, na Igreja Batista de Madureira, no Rio de Janeiro.

Sou arquiteto. Concluí meu curso em 1978 na faculdade de arquitetura e urbanismo da Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro.

O culto a Deus e a arquitetura se misturam ao longo de toda a minha experiência profissional. Entendo que este seja o ministério que o Senhor preparou para mim. Uma forma de servir.

Resolvi então registrar algumas premissas que, embora pareçam naturais ou mesmo óbvias, não tem sido objeto de consideração pelas igrejas quando adquirem terrenos para construir templos ou mesmo para ampliá-los.

Uma igreja se inicia normalmente como um ponto de pregação, um trabalho de célula, um encontro periódico evangelístico na casa de um membro da igreja, entre outras possibilidades.

Os encontros vão se tornando mais freqüentes, o grupo vai aumentando, vizinhos vão se chegando e aquela pequena reunião de oração e estudo bíblico precisa de uma estrutura maior, para atender às crianças que são trazidas pelos pais, os adolescentes cujos assuntos precisam ser abordados de outra maneira, enfim, é preciso mais espaço e uma estrutura melhor.

O segundo momento então, é conhecido como “congregação”, uma estrutura similar a uma igreja mas que não consegue ainda se manter sozinha financeira e administrativamente. Nesse momento já se inicia a preocupação com um local mais adequado para as reuniões regulares. Algumas igrejas nascem em locais alugados e outras conseguem iniciar já com uma estrutura própria, seja obtida por doação ou esforço de seus membros.

Quero começar a destacar alguns pontos importantes, já a partir desse momento.

Em qualquer município do nosso país, com maior ou menor rigor, existirá sempre um “Plano Diretor de Desenvolvimento”, isto é, um planejamento de crescimento da cidade.

As administrações públicas, conhecendo a cidade e a região onde se situa, sua característica produtiva, seus pólos de atração (escolas, hospitais, centros comerciais, indústrias. Etc.), estabelecem de que forma deve se dar o crescimento urbano da cidade ao longo do tempo, para evitar que, por exemplo, uma escola seja construída ao lado de uma metalúrgica.  Uma escola deve ser instalada próxima dos locais destinados a residências e em vias providas de transporte público abundante.

Essa legislação urbana vai então identificar os tipos de atividade que podem ser exercidos em cada região ou distrito da cidade. Em grandes centros urbanos esses distritos são subdivididos em zonas e sub-zonas.

A primeira preocupação então é, em atenção a esse plano diretor, saber se a atividade de culto religioso é permitida, ou mesmo tolerada, no local que se pretende alugar ou construir.

Essa informação se consegue na Secretaria de Urbanismo das prefeituras, responsável pelo planejamento e fiscalização do uso do solo.

É uma informação simples e básica. No entanto, se essa verificação não é feita logo de início, a igreja pode ser levada a adquirir uma propriedade em local onde não é permitida a prática de culto religioso.

 

Amurabe Farel Bernardes de Andrade

Arquiteto

amurabe.andrade@gmail.com