BOM DIA AMIGO, 1938 (Israel Belo de Azevedo)
"A maioria das nossas falhas é mais perdoável que os meios que usamos para escondê-las". (Francois de la Rochefoucauld)
Lama
Por que, flagrada em maus feitos, a maioria das pessoas nega seus pecados até o fim.
Um jura que o dinheiro registrado na sua conta não é dele. Outro garante que a voz na gravação em que acertou acordos escusos não é sua. Um repete que o imóvel que visitou várias vezes durante as obras não lhe pertence. Outro justifica que as ameaças ouvidas de sua boca não passam de brincadeiras. Todos dizem que sempre agem dentro da lei, sem nenhum desvio. Todos asseveram estar ao lado da verdade, embora não mudem suas práticas mentirosas mesmo quando são gravados e filmados.
Por que os mentirosos continuam enganando? Por que os corruptos prosseguem achacando?
Se a resposta fosse fácil, a cultura seria outra, mais cheia de honra e menos enlameada. São muitos os fios da teia suja que os envolve.
Os maus-feitores estão certos da impunidade. São capazes de jurar inocência até mesmo diante de Deus, a quem talvez orem a seu favor mesmo na planejada podridão.
Mesmo quando alguns de seus colegas são presos, continuam rapinando. Este é o seu modo de ser. É como se tivessem uma compulsão pelo poder e pelo dinheiro, como se lhes fosse impossível viver sem os ganhos dos desvios dos dinheiros públicos. Eles precisam continuar, embora já tenham guardado fortunas que nem seus netos conseguirão desperdiçar.
Eles seguem firmes no pecado para manter o que conquistaram, mesmo fraudulentamente.
Escolheram não corar de vergonha, mesmo quando desmentidos. Decidiram ser pessoas sem caráter.
Além de nos mantermos indignados contra o mau-caratismo desta gente, devemos desejar ser pessoas honradas. Para tanto, devemos pedir a Deus para nos manter longe da lama.
Bom dia!!!
Israel Belo de Azevedo
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