AMENOLATRIA

Aparentemente muitas pessoas não sabem o que significa a palavra "Amém".

Algumas começam a falar em público e a primeira coisa que dizem é "Amém", como se desejasse "bom dia" ou "boa noite".

Pode ser que alguém informe em alguma rede social o falecimento de um amigo comum e não falte quem digite "Amém".

Quando outro posta que é gravíssimo o estado de saúde de uma pessoa, um desavisado desejará "Amém".

Quando um participante de um grupo quer saber quem recebeu uma mensagem, ouvirá enigmaticamente um  "Amém".

Outro anuncia um evento e convida à participação, mas terá que se contentar com um "Amém " e não terá certeza sobre quem recebeu.

Há pessoas que oram a Deus em particular ou em grupo e elas mesmas terminam suas preces com um forte "Amém", alguns sendo mais enfáticos ao repetirem a palavra duas ou três vezes.

Nesses casos, estamos diante de uma amenolatria, posto o "Amém" como um ídolo.

Como todos sabemos, "Amém" é palavra hebraica, que entrou no grego e em nossa língua como uma transliteração (isto é, sem tradução).

O clássico dicionário "Interpreter's" resume o significado do termo, começando por estabelecer que vem de um verbo que significa "ser firme, verdadeiro, confiável", para depois informar que se trata de uma exclamação pela qual os ouvintes se juntam no juramento, na bênção, na maldição, na oração ou na doxologia que ouviram e se dispõem a arcar com as consequências do atendimento aoque acabaram de escutar. ("Interpreter's Dictionary of The Bible")

No Antigo Testamento, quando o povo ouvisse as bênçãos da fidelidade e as maldições da iniquidade, devia responder com um “Amém” (Deuteronômio 27). Quando Neemias ben Hacalias pediu fidelidade ao povo, a resposta esperada era “Amém” (Neemias 5.13). Nos cultos, as orações deviam ser acompanhadas e respondidas com “Amém" (1Crônicas 16.36).   Benaia ben Joiada ensinou o povo a responder com um “amém” quando Davi deu posse ao filho Salomão como rei (1Reis 1.36). Quando o profeta Jeremias ben Hilquias fez o povo repetir o juramento da Aliança diante do Senhor, pediu-lhe que gritasse “Amém" (Jeremias 11.5).

O Novo Testamento segue o mesmo uso (Apocalipse 22.20).

Quando alguém agradece na igreja, quem o ouve deve participar com um “Amém" (1Coríntios 14.16). Há poucas exceções fora deste padrão (Apocalipse 3.14, Mateus 5.18; Lucas 23.43), as quais estendem o sentido de concordância com o que foi dito.

"Amém" é para quem ouve, não para quem fala. "Amém" deve ser sempre uma resposta.

Demanda que prestemos atenção, frase por frase, ao que ouvimos, para que possamos reponder "Amém", caso concordemos, sem que nos peçam.

 

Israel Belo de Azevedo