Hoje é dia de pensar, meditar e orar sobre a atividade de educação teológica na denominação batista brasileira. O progresso dos batistas no Brasil trouxe benefícios e malefícios para essa atividade. Se por um lado tivemos a sua descentralização, com o surgimento de boas escolas teológicas nos Estados (podemos citar, por exemplo, as de São Paulo, Curitiba, Ijui, Belo Horizonte, Campos, Brasília e Feira de Santana), por outro lado surgiram muitas que poderíamos chamar de “seminários de fundo de quintal”.
O ensino teológico de boa qualidade é caro, pois exige boa estrutura física, bons professores, boa biblioteca e boa administração. Uma escola pertencente a uma denominação precisa ser legalizada, pagar bons salários, tributos e encargos sociais. Tudo isso requer despesas consideráveis. Daí terem surgido escolas de teologia não legalizadas, sem prédio próprio e às vezes sem uma simples biblioteca, que remuneram mal seus professores e cobram mensalidades baixas de seus alunos. Em compensação, sua qualidade é também baixa.
A consequência disso é percebida nas igrejas. Aquelas que são pastoreadas por pessoas com uma boa formação teológica são, em geral, bem lideradas, doutrinadas e pastoreadas. As que recebem pastores mal treinados sofrem, em geral, os problemas decorrentes disso, sendo mal lideradas e pastoreadas, e até perdendo sua identidade doutrinária. Enquanto as primeiras são beneficiadas por ministérios longos e produtivos, as segundas são caracterizadas por ministérios curtos, desgastantes e frustrantes.
Um outro resultado da pulverização do ensino teológico foi a mudança do perfil dos alunos. Se antes tínhamos alunos idealistas e realmente vocacionados, pois teriam que enfrentar muitas dificul-dades para estudar, hoje as facilidades oferecidas fazem com que uma grande parte dos alunos não tenha nenhuma chamada ministerial, buscando estudar teologia por outros interesses, alguns até por mercenarismo, pensando em uma carreira lucrativa. Muitos querem apenas um diploma e se dedicam a estudar o mínimo possível, usando de todos os recursos condenáveis para serem aprovados, obterem seu “canudo” e se habilitarem a um ministério.
Igrejas sérias dão valor a uma boa educação teológica, principalmente na hora em que têm que escolher aqueles que vão pastoreá-las, pois apesar de tanta oferta de ensino teológico é nesse momento que sentem a falta de obreiros bem formados.
Pr. Sylvio Macri
