Quando eu era criança, as igrejas evangélicas costumavam colocar a expressão “entrada franca” nos convites impressos que eram distribuídos entre a população. Mas, então, o uso dessa expressão era para dizer ao povo que se tratava de uma reunião de acesso livre a qualquer pessoa, isto é, que não era restrita aos frequenta-dores da igreja. Com o tempo os evangélicos deixaram de usar essa expressão, principalmente devido ao crescimento do número de igrejas, e, consequentemente, a popularização de suas práticas.
Nos últimos tempos, entretanto, essa expressão passou a ser usada novamente, mas por outra razão. É que a penetração das práticas mundanas no meio evangélico levou muitas igrejas ao absurdo de cobrar a entrada em seus eventos. Ser cantor evangélico tornou-se uma profissão altamente rentável, e alguns cobram tão caro que as igrejas não têm como cobrir os custos de suas apresentações. Assim precisam cobrar de quem for assistir.
E não é que, mesmo assim, os templos (não sei se podemos chamar de templos) ficam cheios? A moderna “adoração” virou espetáculo, com toda uma parafernália tecnológica, e, é claro, com a necessária presença de uma ou mais “estrelas” da música gospel. Como tudo isso imita o mundo lá fora, não poderia deixar de também incluir o pagamento do ingresso, e ainda justificar com o argumento de que “é mais barato” que os espetáculos “não cristãos”.
Assim, quando nada será cobrado dos convidados, essas igrejas acham necessário/conveniente colocar no convite que a entrada é “franca”. Em outras palavras, “de graça”. A que ponto chegamos! Há cinquenta anos isso seria simplesmente inacreditável, mas hoje é visto com naturalidade por uma legião de cristãos (não sei se podemos chamar assim). Aliás, se alguém ousar criticar isso nas redes sociais, imediatamente recebe uma enxurrada de respostas contrárias, algumas carregadas de ódio.
Se queremos praticar a verdadeira adoração, precisamos preservar a santidade, a sinceridade, a honestidade e a verdade que devem caracterizar nosso culto ao Senhor. Na língua inglesa a palavra usada para designar culto é “serviço” (service). Na verdade esse é o sentido bíblico. Somos servos do Rei dos reis e Senhor dos Senhores. Os shows mundanos são feitos para atrair e satisfazer os que pagam o ingresso. O culto cristão busca satisfazer ao Senhor.
Pr. Sylvio Macri