CORAÇÃO, BRAÇOS E PORTAS ABERTOS (Oswaldo Jacob)

Todo cristão, semelhante a Cristo, possui coração, braços e portas abertos para receber o   próximo. A vida do nascido de novo é aberta para aceitar, perdoar e celebrar o amor de Deus em Cristo Jesus, o Senhor. Aquele que está em Cristo tem prazer em hospedar, deleite em servir e alegria em conviver. Num mundo marcadamente frio, desconfiado, egoísta, fóbico, inseguro e preconceituoso nós, que temos a nova vida em Cristo, somos chamados à solidariedade. O coração é a sede dos nossos sentimentos. Se ele está em Cristo, os nossos sentimentos são marcadamente cristãos. Paulo nos ensina que devemos ter o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus (Filipenses 2.5-8).

Quando o nosso coração foi mudado, tudo em nós mudou (2 Coríntios 5.17). Somos novas criaturas ou a nova criação em Cristo Jesus para as boas obras e nelas devemos sempre andar com profunda alegria no Espírito (Efésios 2.8-10). Os nossos braços se abrem comandados pela mente e pelo coração submissos a Cristo Jesus. Os braços do cristão são fortes, ativos, proativos e ternos. Eles trabalham para o bem-estar do próximo. Quando o coração e os braços se abrem para receber os outros, as portas das nossas casas e comunidades também são abertas com louvor. Celebramos o Deus sempre solidário. Podemos então celebrar a maravilhosa graça de Deus.

            Deus nos chamou em Cristo Jesus para uma vida comunitária marcada pelo amor que tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta; um amor que jamais acaba (1 Coríntios 13.4-8). Um dia Deus tomou a iniciativa e nos reconciliou com Ele por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação (2 Coríntios 5.18-20). Somos o povo da amizade sincera, leal e acolhedora. O coração de Deus nos aceitou, Seus braços nos acolheram em segurança e as portas do Seu lar se abriram para nos receber. Tudo isso aconteceu por causa da obra de Cristo Jesus na cruz e na ressurreição. Todo o mérito é de Cristo Jesus.

            Há um banquete de amor para os rejeitados por uma sociedade espartana. Paulo nos ensina: “Portanto, acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus” (Romanos 15.7). O fundamento do coração, dos braços e das portas abertos é o Senhor Jesus Cristo. O Reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Romanos 14.17). Este texto nos ensina que justiça, paz e alegria são traços muito nítidos da natureza do Reino de Deus, que é a Soberania de Deus no coração do homem. Jesus ensina que há alegria nos céus quando um pecador se arrepende (Lucas 15.10). Na parábola do filho pródigo este foi recebido com festa (Lucas 15.22-24). O filho é restituído ao lar porque o pai abriu o seu coração, os seus braços e as portas da casa. No inverno do abandono, jogado na rua da amargura, o maltrapilho é recebido de coração, braços e portas abertos. Há um lar aconchegante, um banho quente, roupas limpas, comida farta e cama confortável para o necessitado, miserável, abandonado à sorte, perdido. Há uma comunidade prazerosa em recebe-lo com amor. Deus nos salvou em Cristo para levarmos a salvação a todos os homens. O salvo tem um coração misericordioso, braços ternos e portas da hospitalidade. Como escreve Henri Nouwen, “a hospitalidade, portanto, significa primariamente a criação de um espaço livre onde o estranho possa entrar e tornar-se um amigo e não um inimigo. A hospitalidade não visa a modificar as pessoas, mas oferecer-lhes espaço onde pode ter lugar a modificação”.

A Igreja primitiva era uma comunidade marcada pela unidade em amor, pela simplicidade dos lares prazerosos em receber os irmãos. Eles tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e dando um belíssimo testemunho ao povo de fora; e o Senhor dia a dia acrescentava os que iam sendo salvos (Atos 2.46,47). Não havia nenhum necessitado entre eles (Atos 4.34). Graças a Deus por corações transformados, por braços cheios de ternura e por lares prazerosos em receber os falidos, os necessitados de amor, perdão e pão. Quando o coração, os braços e as portas estão abertos para receber o próximo em amor, Deus é glorificado (1 Coríntios 10.31).