ORAÇÕES TOLAS (2) – a SÍNDROME DO “TUDO EU” (Sylvio Macri)

“Mas ele entrou pelo deserto, caminho de um dia, sentou-se debaixo de um arbusto e pediu para si a morte, dizendo: Já basta, ó Senhor. Toma agora a minha vida, pois não sou melhor que meus pais.” (1Reis 19.4)

Há alguns anos atrás surgiu esse bordão na boca do povo, por influência de um programa humorístico de TV, no qual o personagem, sentindo-se responsabilizado por tudo o que devia ser feito ou tudo o que acontecia, exclamava: “Tudo eu! Tudo eu!”. Se Elias vivesse em nossa época, poderíamos também ouvi-lo dizer: Tudo eu! Tudo eu!

Fugindo da esposa idólatra de Acabe, rei de Israel, a cruel Jezabel, o mesmo profeta que acabara de desafiar, derrotar e matar quatrocentos e cinquenta profetas de Baal no monte Carmelo, caminhou durante 41 dias até o monte Horebe e lá enfiou-se numa caverna. O Senhor perguntou-lhe: “Elias, que fazes aqui?”; e ele respondeu: “Os israelitas abandonaram tua aliança, derrubaram os teus altares e mataram os teus profetas pela espada; e fiquei eu, somente eu, e procuram tirar-me a vida.” (1Reis 19.9,10,13

Tenho ouvido sermões e lido textos que usam esse episódio da vida de Elias para dizer que ele estava sofrendo de depressão, uma doença da nossa época e não da dele. Outros dizem que ele estava com a síndrome de “burn-out”, outro conceito ainda mais moderno. Para mim, se o profeta tinha algum mal, esse era a síndrome do tudo eu. Tenho conhecido pastores e líderes do tipo centralizador, que tomam para si todas as tarefas (principalmente por achar que os outros não são capazes) e depois se cansam de fazer tudo sozinhos. Em seguida se refugiam na amargura e partem para afirmações tolas.

Cansado e desencorajado de “lutar sozinho”, enfurnado numa caverna, Elias orou de modo insensato. Primeiro, deu um basta a Deus, segundo, pediu que Deus o matasse, e terceiro, disse que falhara em ser melhor do que seus pais. Quem pode dizer a Deus quando parar? Isso foi realmente uma tolice, porque o Senhor ainda tinha muito trabalho para Elias fazer, e não era naquela caverna (Veja o restante 1Reis e o início de 2Reis). E o profeta mal sabia que o plano de Deus não era matá-lo, mas arrebatá-lo numa carruagem de fogo (2Reis 2.11). Por último, o Senhor diz a Elias que ele não estava sozinho, que ainda havia sete mil servos fiéis em Israel.

Sete mil joelhos se dobravam em oração ao Deus verdadeiro pelos seus profetas. Quantos joelhos se dobram por você?

Pr. Sylvio Macri