OS EVANGÉLICOS E A CORRUPÇÃO (Sylvio Macri)

Ultimamente muito tem se falado sobre corrupção entre os evangélicos, mas será que eles são mesmo contra a corrupção? Ou, melhor dizendo, será que as evidências mostram que eles são mesmo contra a corrupção? Parece que não. Vamos às evidências.

Conhecido e importante líder político, dito evangélico, acusado de vários atos de corrupção, e que se encontra preso, condenado por alguns desses atos, lançou sua filha como candidata nestas eleições, a qual vem recebendo apoio explícito de líderes evangélicos famosos.

A grande maioria (84%) da chamada “bancada da Bíblia” é candidata à reeleição. Apesar da defesa da família (o que é uma cortina de fumaça), essa bancada tem apoiado no Congresso todas as ações que permitem o acobertamento da corrupção. Como esse grupo também é tristemente famoso pelo envolvimento de muitos de seus participantes na prática da corrupção, isso quer dizer que os evangélicos continuarão votando em políticos corruptos.

Pastores e líderes denominacionais continuam corrompendo seus púlpitos e sua missão, ao apoiarem publicamente candidatos a todos os cargos. Às vezes vão mais longe: o chefe supremo de uma das denominações neo-pentecostais mais conhecidas lançou seus cinco filhos como candidatos a deputados federais e estaduais, em três Estados diferentes (isso para evitar a divisão de votos). Trata-se, nesse caso, do uso político da fé para obter benefícios pessoais.

Os evangélicos estão bem representados em todos os segmentos sociais e econômicos do país. São empresários, funcionários públicos, policiais, funcionários da justiça, trabalhadores da iniciativa privada ocupando médios e altos cargos que, diariamente, tem a oportunidade de corromperem e serem corrompidos. Serão todos eles honestos?

Mesmo como simples cidadãos, os evangélicos sofrem tentações comuns a todos, como ficar com um troco dado a mais, subornar um guarda de trânsito, mentir na declaração de renda. Fica a pergunta: será que resistem à tentação ou praticam exatamente aquilo que condenam nos políticos?

Afirma-se que somos de quarenta a cinquenta milhões de evangélicos no país. Se a condenação da corrupção passasse do discurso vazio para a prática de atitudes realmente honestas e anticorruptas por parte desse grande contingente de cidadãos, haveria uma grande mudança em nossa nação.

Pr. Sylvio Macri