BOM DIA AMIGO, 2409: A DOR QUE NÃO SE MEDE

BOM DIA AMIGO, 2409 (Israel Belo de Azevedo)

 

“A saudade é uma tatuagem na alma: só nos livramos dela perdendo um pedaço de nós“. (Mia Couto)

 

A dor que não se mede

 

Há uma dor que não se mede. Se tentássemos, não conseguiríamos mensurar a angústia do nosso coração quando passamos pela experiência de ver levada para a cidade de onde não há retorno uma pessoa querida,

Há uma dor que não se chora apenas. É quando, na hora da vitória momentânea da morte, a nossa lágrima se mistura com o sorriso da gratidão. Diante de quem “combateu o bom combate” não apenas lamentamos quando a separação cava seu fosso; também agradecemos.

Há uma dor na saudade cujos braços são longos, mesmo sabendo que só sentimos falta de quem amou, de quem nos amou, de quem amamos.

Há uma dor na lembrança dos bons tempos vividos juntos, das mesas bem postas, das palavras bem ditas, dos recursos bem dispostos, das ações benditas. Como não chorar, se não seremos mais convidados à mesa, se não teremos mais companhia para os atos solidários? Como não agradecer por termos feito parte de sua história, pelas verdades que nos ensinou para viver, pelos silêncios que guardou para nos proteger, pelos joelhos que vergou para por nós pedir, pelas mãos que usou para nos servir?

Há uma dor que não se pode descrever com precisão, mas há também uma clara felicidade por podermos sepultar e prantear alguém cuja vida foi grande e fez a nossa existência também valer a pena.

 

(Com gratidão por Edith Rodrigues de Melo, 5.12.1929 — 10.1.2018)

 

“O senhor disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel; você foi fiel no pouco, sobre o muito o colocarei; venha participar da alegria do seu senhor’”. (Mateus 25.21)

 

Bom dia!!!!!

Israel Belo de Azevedo