TIRE AS SANDÁLIAS DOS PÉS (Sylvio Macri)

No alto de uma montanha deserta Moisés pastoreava o rebanho de seu sogro Jetro, o midianita, quando teve o seu primeiro encontro com Deus. De longe ele viu uma coisa estranha. Um arbusto ardia em chamas, mas o fogo não o consumia, e ele resolveu se aproximar para, como disse, “ver essa grande maravilha. Por que a sarça não se queima?” (Ex.3.3). Foi quando o Senhor falou com ele, chamando pelo nome, do meio da sarça ardente: “Tire as sandálias dos pés, porque o lugar em que você está é terra santa.” (Ex.3.5).

“Tire as sandálias”, porque quando Deus nos trata com intimidade a ponto de chamar-nos pelo nome isso não quer dizer que devamos tratá-lo sem o devido respeito. Tirar as sandálias é a aceitação da condição de servo. Na antiguidade os escravos sempre andavam descalços. Deus é Senhor e nós, servos; Deus é santo e nós, pecadores; Deus é criador e nós, criaturas; Deus é poderoso e nós, impotentes e fracos; Deus é Salvador e nós, pecadores a ser salvos. Assim, não como há determinar ao Senhor que faça isso ou aquilo. Tiremos, pois, as sandálias da arrogância.

“Tire as sandálias”, porque quando Deus fala conosco é como se estivéssemos num santuário. Quando lemos a Palavra de Deus, ou ouvimos sua leitura e ministração, não podemos fazê-lo com displicência, não podemos estar descuidados ou distraídos com outras coisas. Esse é um momento santo e o lugar onde isso se dá se torna santo. Aliás, a Bíblia diz que nós mesmos somos santuários, feitos pelas mãos do Criador. Portanto, tiremos para sempre as sandálias da indiferença, da distração e do descuido, pois Deus está falando à nossa mente e ao nosso coração em todo o tempo.

“Tire as sandálias”, porque quem fala conosco é o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o que disse a Moisés: “EUSOU O QUE SOU” (Ex.3.14). Aquele que era, que é, e que há de ser, Deus de vivos e não de mortos (Mt.22.32). Quando ele desce da sua majestade para falar conosco estamos diante do Deus eterno, do Deus da aliança, do Deus que salva, do Deus que julga, do Deus que controla a história. Do Deus que ama e prova o seu amor. Do Deus a quem devemos amar com todo o nosso coração, toda a nossa alma, todas as nossas forças e todo o nosso entendimento (Lc.10.27). Portanto, diante desse Deus tiremos nossas sandálias.

Pr. Sylvio Macri