O PASTOR E OS AMIGOS DE VERDADE (Oswaldo Jacob)

Já dizia o poeta: “Amigos são como as estrelas: mesmo que estejam distantes, brilham em nossos corações”. Como é importante ter amigos! São pessoas especiais que nos dizem o que precisamos ouvir e não o que queremos ouvir. Outro poeta dizia: “Amigo, palavra fácil de se pronunciar, mas muito difícil de se encontrar”. Para o pastor há uma dificuldade imensa em fazer e ter amigos. As pessoas de um modo geral buscam amizades que as beneficiem, que são descartáveis. Na sociedade em geral e até nas igrejas, há uma especialidade em usar pessoas para o benefício próprio. A sociedade é egoísta, interesseira e espartana. Só pensa em si, busca os seus interesses e amputa, alija os que não lhes apetece, não servem aos seus interesses.

                        É muito difícil fazer amigos porque vivemos numa sociedade adâmica, egoísta, voltada para o ter, o poder, as disputas, a vaidade, o consumismo e o ‘deus do entretenimento’ ou prazer em si. São muitos os obstáculos para se construir amizades autênticas. O coração é enganoso e desesperadamente corrupto (Jeremias 17.9,10). Há muitos comprometimentos que se tornam grandes obstáculos para se granjear amigos. Quantas vezes nos trancamos em nós mesmos. Temos a tendência de nos justificamos dizendo que “não dispomos mais de tempo”. Ocupamo-nos com tantos afazeres, nos centramos nas coisas, que conversar, rir e chorar com pessoas não são prioridades. As amizades estão se tornando cada vez mais superficiais, despidas da sinceridade do Mestre. O pastor precisa ser muito cuidadoso, ter muito discernimento para a arte de fazer amigos. Na verdade, quando fazemos amizades corremos risco. Precisamos ter muito cuidado com as decepções. Todas as nossas amizades devem ser vistas na perspectiva de Cristo Jesus, o nosso melhor Amigo. 

                        Mas há esperança para o pastor de fazer amizades sinceras, leais, mesmo que muito reduzidas, para compartilhar as inquietações do coração. Jesus é o nosso modelo de amigo a toda a prova. Ele declarou: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar a sua vida pelos amigos. Vós sereis meus amigos se fizerdes o que eu vos mando” (João 15.13,14). O pastor, seguindo e servindo a Cristo, nesta peregrinação cristã, pode encontrar amigos da verdade e de verdade. Há amigos mais chegados que irmãos. Eles são uma raridade e preciosidade em nossa peregrinação profética neste mundo. O pastor, dado a sua vocação ministerial, tem muita dificuldade de encontrar verdadeiros amigos com os quais pode rasgar o coração sem medo e desconfiança.                       Os amigos são conhecidos quando passamos por crises das mais variadas, angústias e até depressão. Nos momentos mais difíceis da vida, os verdadeiros amigos se aproximam para ser um suporte e via de regra nos ajudam a vencer as dificuldades da vida. Os amigos comem o sal e o pão seco conosco. Estão com a gente em nosso sofrimento. Eles se arriscam por nós como fizeram Áquila e Priscila, um casal especial na vida do apóstolo Paulo. O testemunho do apóstolo é o seguinte: “Saudai Priscila e Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus, os quais pela minha vida arriscaram a sua própria cabeça; e isto lhes agradeço, não somente eu, mas também todas as igrejas dos gentios” (Romanos 16.3,4). Temos também o caso conhecido de Jonatas e Davi, que eram muito amigos. Após a morte de Jônatas, Davi adotou Mefibosete, filho do amigo, e este passou a morar no palácio do rei, sendo tratado como filho.

A minha oração sincera é que cada pastor tenha amigos de verdade. Eles são um tesouro muito precioso! O relacionamento entre o pastor e os amigos de verdade certamente será encorajador, enriquecedor e criativo. Oremos e caminhemos com os nossos amigos. Sejamos sempre amorosos e sinceros com eles. Que não tenhamos nada a esconder. Que haja plena confiança em nossa comunhão fraterna. Sejamos servidores dos amigos, sim, amigos do peito, de verdade, crucificados, mortos e ressurretos com Cristo.