ABUSO ESPIRITUAL… OS PSICOPATAS DA FÉ (Lécio Dornas)

“…acautelai-vos do fermento dos fariseus e saduceus.”(Mateus 16:6)


Vivemos a era do abuso.
Emocional, físico, sexual, corporativo, religioso, social e… espiritual.
Isso mesmo! O exercício da espiritualidade nesse início de século traz à realidade a prática do abuso espiritual. Pessoas espiritualmente doentes tornam-se manipuladoras, coersitivas e abusivas. Tais abusadores exploram, estorquem, influenciam e usam, ao bel prazer, gente simples, honesta, bem intecionada e sincera que, acreditanto no discuso e nas artimanhas manipulativas, acabam se deixando usar, findam fazendo o que não gostariam de fazer, falando que não desejariam falar e participando do que nunca pretenderam participar. É o abuso espiritual em ação.

São amizades interesseiras, desrespeitosas, exigentes, que abrem espaço para violência emocional e verbal, agressividade, chantagens, ameaças e tetativas de domínio, tendo como alvo, não o bem do outro, mas o que o outro pode proporcionar. Para conseguirem seu intento, esses psicopatas da fé, são capazes de tudo, usam de tudo e arriscam tudo. Instrumentalizam-se dos relacionamentos, do dinheiro, do ludibrio e da manipulação. Tudo o que importa para eles é o que desejam, anseiam e sonham. Falta-lhes a capacidade da solidariedade e da generosidade, embora muitas vezes representem para demonstrar o oposto. A grande verdade é eles não agregam, só subtraem. O verbo subtrair é muito interessante, epecialmente quando usado neste contexto. O abusador literalmente ‘sub trai’… Age de forma encoberta e, de forma velada, usurpa o que o outro tem de mais precioso: Sua identidade. É uma traição rasteira.

Já na época de Cristo o abuso aconteceia e os psicopatas da fé já agiam. Jesus se referiu a eles como sepulcros caiados (Mateus 23:27), raça de víboras (Mateus 12:34) e geração adúltera (Mateus 12:39). Essas pessoas eram capazes de tudo e de qualquer coisa, até mesmo trair, enganar e manipular os outros.

Os quadros existencias onde abusador e abusado contracenam são os mais diversos e também os mais tristes. Não é raro que sejam construídos em ambientes religiosos, mesmo que não se restrinjam ao contexto de uma igreja ou de uma organização. O abuso espiritual se etabelece, muitas vezes,  quando o abusador consegue convencer o abusado que lhe é superior. A vítima sente-se inferior, incompetende e incapaz. O abusador humilha, mente, ameaça e ainda consegue fazer o abusado sentir-se culpado e, pasmem, muitas vezes a vítima pede por favor para que o abusador o aceite e o mantenha por perto. Neste ponto o cenário é domínio absoluto.

Minimizado como ser humano e com a autoestima lá embaixo, o abusado aceita anular-se, admite até agir abrindo mão de valores e de princípios que por anos guiaram suas decisões, escolhas, atitudes, hábitos e comportamentos. Se não aceitar ajuda e, em tempo, for liberto do peso dessa relação doentia e opressora, para que caia em si, o abusado pode sucumbir, mergulhando nas profundezas da subserviência e da servidão cega. Como  afirmou Martin Luther King Jr (1929-1968):“A liderdade jamais é dada pelo opressor, ela tem que ser conquistada pelo oprimido”, o abusado precisa agir com todas as suas forças para sair dessa condição.

Tomem muito cuidado. O abuso espiritual pode estar contecendo dentro da sua casa, no seu círculo de amizade, no seu ambiente de trabalho, nas suas redes sociais. Fiquem atentos, os psicopatas da fé podem morar bem perto. Não cochilem, pois na primeira piscada o abuso pode se instalar. E depois que vocês se tornarem cativos, muita dor e destruição poderão entrar na ordem do seu dia.

A exortação de Jesus prevalece: “…Acautelai-vos…”.

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Lécio Dornas é pastor da Comunidade Brasileira da First Baptist Church of  Windermere, na Grande Orlando, Florida – EUA.

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